Peixinho-dourado. Foto: epicioci / Pixabay

Cientistas conseguiram ensinar peixinhos-dourados a conduzir um veículo

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Investigadores comprovaram que estes peixes conseguem adquirir capacidades de navegação no meio terrestre.

“Embora quase pareça um livro do Dr. Seuss, foi uma experiência a sério para explorar o comportamento animal”, graceja um comunicado da Universidade Ben-Gurion do Negev, à qual está ligada esta equipa de cientistas.

Os investigadores estavam a tentar perceber se as capacidades de navegação são universais ou se estão restringidas ao meio onde habita uma espécie. Decidiram levar a pergunta ao extremo, testando a hipótese com peixinhos-dourados (Carassius auratus). Também conhecidos como peixinhos-vermelhos, estes peixes de água doce originários da Ásia estão entre os habitantes mais comuns em aquários.

A equipa colocou rodas debaixo de pequenos tanques com água, cada um com um peixinho-dourado. Os veículos foram equipados com sistemas de câmara que permitem que mudem de direcção de acordo com os movimentos dos seus ocupantes.

Os resultados da experiência foram agora publicados em artigo na revista científica Behavioural Brain Research.

Para perceberem se os peixinhos-dourados estavam a movimentar os veículos intencionalmente, ou apenas ao acaso, os cientistas colocaram um alvo claramente visível na parede em frente ao tanque. “Depois de alguns dias de treino, os peixes navegaram em direcção ao alvo”, onde os aguardava uma recompensa. “Além disso, foram capazes de o fazer mesmo quando eram interrompidos no meio do caminho ao baterem numa parede e não foram enganados por alvos falsos colocados pelos investigadores”, descrevem.

O que concluíram? “O estudo sugere que a capacidade de navegação é universal em vez de ser específica de um determinado ambiente”, afirmou Sachar Givon, um dos autores do artigo, estudante de doutoramento do Departamento de Ciências da Vida.

“Em segundo lugar, mostra que os peixinhos-dourados têm a capacidade cognitiva para aprender uma tarefa complexa num ambiente completamente diferente daquele em que evoluíram”, acrescentou o investigador. “Como sabe alguém que já tenha tentado aprender a guiar uma bicicleta ou um carro, isso ao princípio é desafiante.”

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.