Cinco cágados foram recuperados e vão ser devolvidos à natureza no Algarve

Quatro cágados-mediterrânicos e um cágado-de-carapaça-estriada, duas espécies autóctones em Portugal, foram devolvidos à natureza esta quinta-feira, 9 de Setembro, depois de terem estado em recuperação no Centro de Reabilitação de Espécimes Aquáticos do Zoomarine, no Algarve.

Estes cágados (quatro machos e uma fêmea) foram libertados na Fonte Benémola, a norte de Loulé, informou à Wilder Élio Vicente, director de relações externas do Zoomarine. Vão “regressar ao meio selvagem, para uma segunda etapa de vida independente”.

Todos estiveram aos cuidados da equipa do Porto d’Abrigo do Zoomarine (Centro de Reabilitação de Espécimes Aquáticos).

Switch é o único cágado-de-carapaça-estriada (Emys orbicularis). Deu entrada no Centro a 22 de Abril deste ano, tendo sido entregue pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). Este macho jovem-adulto foi recuperado de lesões no plastrão, na parte ventral do seu corpo.

Picasso, um macho adulto, deu entrada no centro a 16 de Junho de 2018, vindo do Krazy World, em Algoz, com lesões na parte ventral.

A única fêmea deste grupo de cinco é Quasimodo, assim chamada por causa de uma alteração no olho direito e semelhanças com a personagem do corcunda de Notre-Dame. Entrou no Centro de Reabilitação a 11 de Julho de 2019, tendo sido encontrada na praia de Armação de Pêra. Este cágado-mediterrânico teve um período prolongado de anorexia, situação que, entretanto, foi resolvida. “A afeção do olho direito foi considerada crónica e irreversível, no entanto, em nada impede a sobrevivência do animal em estado selvagem”, segundo o Zoomarine.

Por seu lado, Splinter, um macho adulto de cágado-mediterrânico, foi encontrado no meio da cidade de Faro e levado para o Centro de reabilitação a 13 de Março deste ano. Foi reabilitado de “lesões de abrasão disseminadas no plastrão e na zona palmar dos membros anteriores”.

Ramil (que quer dizer “areia” em árabe) é um jovem adulto macho que foi encontrado na praia do Chiringuito a 22 de Agosto de 2020. “Devido ao facto de ter sido encontrado em água salgada, foram feitas várias análises e exames à entrada, sendo as conclusões destes normais para a espécie.”

Os cágados-de-carapaça-estriada (Emys orbicularis) e os cágados-mediterrânicos (Mauremys leprosa) são as duas únicas espécies de cágados autóctones de Portugal.

O cágado-de-carapaça-estriada está Em Perigo de Extinção por causa da perda do habitat, da concorrência de espécies exóticas, da poluição e captura para fins comerciais; o cágado-mediterrânico não está ameaçado mas a perda de habitat é um problema que poderá levar a um declínio populacional.


Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.