Foto: Carolina Benvegnu

Este foi o avistamento mais incrível de roazes que testemunhei no Tejo

Há cerca de uma semana, a 12 de Abril, avistei já dentro do rio Tejo cerca de meia centena golfinhos-roazes (Tursiops truncatus), mais conhecidos como roazes corvineiros.

Este grupo era composto por adultos, juvenis e algumas crias com pelo menos dois anos. Podem atingir os 45 anos, mais de quatro metros de comprimento e um peso superior a 400 quilos. A sua proximidade à costa, testemunhados também noutros locais a surfarem as ondas uns dias antes, deve-se ao facto de se alimentarem de presas que habitam perto destes ecossistemas costeiros. Como exemplo, este grupo de roazes foi visto no Tejo a atirar tainhas ao ar, a brincar com um valente choco e a nadar atrás de peixe à superfície a grande velocidade.

Foto: Carolina Benvegnu

Como biólogo marinho, convivo com golfinhos em estado selvagem desde 2008, mas este foi o avistamento mais incrível de roazes que testemunhei no Tejo. Trabalho como sócio-gerente de uma empresa de animação turística (SeaEO Tours). Nesse dia magnífico, a bordo da embarcação Odisseia, juntaram-se a mim Bernardo Queiroz (da escola de vela Terra Incógnita) e a estudante de zoologia Carolina Benvegnu, para capturar imagens do que de mais belo tem a natureza.


Fotos: Carolina Benvegnu

Os golfinhos roazes são também uma espécie acrobática, pois elaboram performances no ar bastante flexíveis. Esta espécie percorre a costa portuguesa de lés-a-lés em menos de 3 dias, patrulhando enormes zonas costeiras em busca de alimento. Infelizmente são capturados para os parque aquáticos, ficando confinados a um espaço muito menor do que o seu habitat natural. Como predadores de topo têm um importância enorme no equilíbrio de alguns ecossistemas, tal como os tubarões.

Quanto aos golfinhos-comuns (Delpinus delphis), têm sido uma presença assídua no Tejo desde 2020. Contudo, o estatuto de proteção dos cetáceos, em vigor desde 1981, não evita que sejam ocasionalmente capturados em artes de pesca, mesmo sem intenção. Há necessidade de se estudarem melhor os padrões de migração e comportamento destas espécies tão majestosas nestas zonas, com o objetivo de sensibilizar a comunidade civil, especialmente os utilizadores de embarcações náuticas. O mar precisa de iniciativas inovadoras na proteção dos oceanos e de sustentabilidade das atividades humanas.

Está visto que temos as ferramentas necessárias para o desenvolvimento sustentável definido pelas Nações Unidas. Com objetivos específicos, interesse económico e vontade política, todos temos a responsabilidade de perpetuar a mudança.


Sobre o autor

Sidónio Paes é biólogo marinho e sócio-gerente da empresa SeaEO Tours.