Mar português inaugura Lisboa, capital verde europeia

Esta manhã, a inauguração da nova exposição do Oceanário de Lisboa, dedicada ao mar português, marcou o arranque de um ano de Lisboa, Capital Verde Europeia 2020.

 

É um corredor escuro, apenas iluminado pelas imagens dos dez ecrãs gigantes que o ladeiam.

Ao longo de 16 minutos, dominam o espaço tubarões, baleias, gaivotas, medusas, cardumes de peixes, ondas gigantes, mantas e raias. É um mundo subaquático e marinho, embalado ao som da banda sonora da exposição e da voz de pescadores, surfistas e cidadãos comuns que contam o que o oceano significa para eles.

 

 

A exposição ONE – O mar como nunca o sentiu foi inaugurada esta manhã no Oceanário de Lisboa e estará aberta ao público a partir de 12 de Janeiro e por tempo indeterminado.

“O oceano é uma das maiores riquezas que temos”, disse hoje José Soares dos Santos – presidente do conselho de administração da Fundação Oceano Azul, à frente dos destinos do Oceanário de Lisboa até 2045 – na cerimónia de inauguração da exposição, onde também estiveram presentes o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres e o primeiro-ministro António Costa.

“O novo paradigma de sustentabilidade vai definir quais são as nações do futuro”, aquelas capazes de produzir capital natural, acrescentou. “Portugal é uma nação oceânica e é, sem dúvida, uma dessas nações.”

A exposição, da autoria da cineasta e fotógrafa portuguesa Maya de Almeida Araújo, é uma “marca extraordinária do arranque de Lisboa Capital Verde Europeia 2020”, considerou Fernando Medina, presidente da Câmara Municipal de Lisboa. “Começamos em grande, da melhor forma.”

“O oceano é muitas vezes esquecido mas tem um papel essencial no combate às alterações climáticas, à poluição por plásticos e numa nova atitude no ciclo dos resíduos”, salientou o autarca.

 

O ano em que Lisboa será a capital verde europeia

O anúncio foi feito a 21 de Junho de 2018 em Nijmegen (Holanda), a Capital Verde Europeia 2018. Lisboa era eleita a Capital Verde Europeia 2020, tendo ficado à frente das outras cidades finalistas, Ghent (Bélgica) e Lahti (Finlândia).

Todos os anos, o prémio é atribuído a uma cidade europeia, com mais de 100.000 habitantes, reconhecendo o seu compromisso para com a sustentabilidade ambiental, social e económica.

Hoje, a nova exposição do Oceanário de Lisboa marcou o arranque oficial de um ano de celebrações na capital lisboeta.

 

 

Fernando Medina sublinhou que o grande objectivo é a “mobilização colectiva para a acção”. “Vamos usar este galardão para fazer mais, para vencer a batalha das alterações climáticas, da qualidade de vida nas cidades, dos parques verdes, da mobilidade, da água.”

“Muitas pessoas estão hoje sensíveis para a necessidade de acção climática. E quando nós ouvimos os jovens todas as semanas, o que nos exigem a todos, responsáveis políticos, é acção, é liderança para a acção. E é precisamente isso que vamos entregar em 2020 e nos anos seguintes: acções concretas todos os dias para contribuir para a sustentabilidade ambiental”, disse aos jornalistas.

 

Uma exposição cheia de mar

Esta manhã, a exposição ONE – O Mar como nunca o sentimos, encheu-se de responsáveis políticos na área do Ambiente e dos Oceanos e de dezenas de jornalistas.

 

Inauguração da exposição. Foto: Helena Geraldes/Wilder

 

A exposição, no átrio do Oceanário de Lisboa, é composta por 16 minutos de imagens do território marítimo português, entre Portugal Continental (Algarve, Costa Alentejana, Cascais, Sintra, Nazaré e Aveiro) e Açores.

Foram necessários dois anos para executar a obra, incluindo oito meses de filmagens. Nela participaram 11 equipas de filmagens e 42 pessoas, desde pescadores, artistas plásticos, surfistas e profissionais de mergulho livre.

A obra audiovisual resultou de um convite feito a Maya de Almeida Araújo por João Falcato, CEO do Oceanário do Lisboa e administrador da Fundação Oceano Azul. “Há quase três anos visitei o Oceanário, o que fiz pela primeira vez”, e foi desafiada, contou a cineasta portuguesa, actualmente a viver em Londres, na cerimónia de inauguração.

“O mar português foi o tópico que serviu de base a esta obra”, onde a autora quis juntar “o estético real e o subconsciente imaginário”. Foi a sua forma de conseguir uma “ligação profunda entre o espectador e a obra”.

“Todos vimos do mar e este liga-nos ao que sempre fomos (…). O oceano traz-nos para mais perto de quem nós somos.”

 

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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.