Registadas 465.000 aves em migração no Estreito de Gibraltar

Entre 5 de Julho e 16 de Outubro, dezenas de pessoas registaram diariamente a passagem das aves migradoras em direcção a África, sobrevoando o Estreito de Gibraltar. Este esforço de monitorização registou 465.000 aves, revelou agora a Fundación Migres.

 

Os ornitólogos e voluntários – distribuídos por três observatórios na costa espanhola do Estreito – registaram a passagem de 33 espécies diferentes de aves. A maioria eram aves de rapina.

As espécies mais comuns foram o milhafre-preto (Milvus migrans) com 147.000 indivíduos, a cegonha-branca (Ciconia ciconia) com 126.000 indivíduos, o bútio-vespeiro (Pernis apivorus) com 97.000 aves, a águia-calçada (Hieraaetus pennatus) com 43.000, e a águia-cobreira (Circaetus gallicus) com 29.000.

Na lista das espécies ameaçadas, os ornitólogos registaram a passagem de 4.900 cegonhas-negras (Ciconia nigra) e de 4.400 abutres-do-egipto (Neophron percnopterus).

Segundo a Fundación Migres, passaram ainda dezenas de milhares de andorinhões e andorinhas.

Esta viagem é feita pelas aves que vão passar o Inverno a África, escapando aos climas mais frios que se fazem sentir na Europa. Para muitas, a viagem começa logo no final do Verão.

E depois há aves que escolhem Portugal para passar o Inverno, vindas do Norte da Europa, como é o caso da águia-pesqueira.

Segundo explicou João E. Rabaça, professor da Universidade de Évora e coordenador do LabOr – Laboratório de Ornitologia, as aves migram para encontrar os recursos necessários para sobreviver, essencialmente alimento e abrigo. Saiba mais sobre a migração das aves aqui.

 

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.