Rui Rebelo: “É engraçado que haja pessoas a fotografar anfíbios um pouco por todo o país”

Embaixadores por Natureza

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Na nossa mini série que lhe apresenta os peritos que, nos bastidores, identificam as centenas de espécies que os nossos leitores nos enviam, perguntámos ao biólogo Rui Rebelo porque se interessa tanto por anfíbios.

Rui Rebelo, 53 anos, sempre gostou de muitos animais. Mas decidiu dedicar-se aos anfíbios, seres incríveis que se podem facilmente apanhar, medir, fotografar. Saiba o que mais o fascina nestes animais.

WILDER: Que idade tem, qual é a sua ocupação profissional e em que está a trabalhar neste momento?

Rui Rebelo: Tenho 53 anos, sou professor auxiliar na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, no Departamento de Biologia Animal. Leciono várias unidades curriculares, entre as quais a Ecologia e Conservação de Répteis e Anfíbios, no âmbito do Mestrado em Biologia da Conservação que é oferecido por esta Faculdade.

W: Porque é que se dedicou a este grupo de espécies?

Rui Rebelo: Em primeiro lugar porque sempre gostei de muitos grupos de animais, incluindo os anfíbios e os répteis. E depois porque na altura de planear o doutoramento, rapidamente percebi que era um dos grupos em que podia facilmente apanhar, medir e fotografar muitos animais.

W: Como é que começou?

Rui Rebelo: Com o doutoramento, na altura de âmbito bastante geral, sobre a demografia e biologia da reprodução da salamandra de pintas amarelas, ao longo de todo o país.

W: O que o fascina mais nos anfíbios?

Rui Rebelo: Muita coisa! As cores, a pele, o facto de terem formas larvares que se metamorfoseiam, o canto, a longevidade, a frequência com que são descobertos em sítios improváveis.

W: Quais são os principais desafios quando está a identificar espécies?

Rui Rebelo: No “Que Espécie é Esta” o principal desafio é ter de analisar fotos que nem sempre mostram todos os aspetos que deveríamos observar para um identificação 100% garantida.

W: Como tem sido participar no “Que Espécie é Esta?”

Rui Rebelo: Não tenho muito trabalho; por isso a experiência tem sido positiva! É engraçado que haja pessoas a fotografar anfíbios um pouco por todo o país.

W: Tem alguma história curiosa relacionada com o seu trabalho de identificação de espécies que gostasse de partilhar?

Rui Rebelo: Já tive um caso de identificação errada, que um leitor identificou! E errei por estar com pressa e olhar de relance para a foto… É uma lição para não me esquecer e dar importância ao pormenor.

E as identificações mais engraçadas são as improváveis – alguém que encontra uma espécie ameaçada ou rara no jardim, ou numa zona urbana. Nos anfíbios é talvez mais frequente que se encontrem animais em sítios improváveis.


Embaixadores por Natureza é uma mini série da Wilder dedicada à rede de especialistas que, desde 2017, são o coração do “Que Espécie É Esta?”. É o nosso reconhecimento e obrigado a tantas horas passadas a olhar com carinho, e de forma voluntária, para “os nossos” bichos e plantas. E a dar-lhes um nome. Sai todos os dias, de 1 a 16 de Agosto.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.