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Foto: Danilo Cedrone/Wiki Commons

Spea junta-se à Marcha pelo Clima em nome dos oceanos

Reivindicar acções concretas para proteger o Ambiente e os oceanos é a intenção da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (Spea), ao juntar-se à Greve Climática Estudantil e Marcha pelo Clima de 24 de Maio.

A marcha – que começa no Marquês de Pombal, em Lisboa, às 10h30 – quer chamar a atenção de que “o tempo urge” e que “são precisas decisões eficazes a pensar não só no clima, mas também na perda da biodiversidade, e nas suas consequências para o planeta e para a saúde das pessoas”, explica a Spea, em comunicado divulgado hoje.

A organização justifica a sua participação na marcha por considerar que “estamos num período crítico em que é crucial tomar decisões concretas e eficazes”.

“Se protegemos espécies como o priolo, os abutres e as aves marinhas e a sua função nos ecossistemas; se restauramos habitats naturais como a laurissilva, as turfeiras ou outros habitats insulares; se lutamos por sítios, como a Lagoa dos Salgados ou as Alagoas Brancas; e se combatemos a agricultura intensiva e a prospecção de petróleo, então temos obrigação de aderir e incentivar os movimentos de cidadãos pelo clima”, disse Domingos Leitão, diretor executivo da Spea.

A organização defende a urgência em “implementar políticas que travem a destruição do planeta e encarem a natureza como um valor a preservar”.

“Fazemos parte da biodiversidade do nosso planeta e dependemos dela para subsistir. Por outro lado, somos a principal causa da aceleração das alterações climáticas e da degradação dos ecossistemas; chegou a hora haver vontade política para travar esta catástrofe.”

Recentemente, um relatório do IPBES (Painel Intergovernamental para a Biodiversidade e Serviços dos Ecossistemas) revelou que cerca de um milhão de espécies de animais e plantas estão ameaçadas de extinção. O documento alertou também para o facto de 23% da terra arável ter sido degradada pela agricultura intensiva e de 33% dos stocks pesqueiros estarem sobre-explorados.

“Estes dados são preocupantes e exigem medidas a nível nacional, europeu e global”, entende a Spea.

“As políticas governamentais pelo clima e pela conservação da natureza estão interligadas e só serão eficientes e efetivas se os políticos virem a força na exigência dos cidadãos”, comentou Domingos Leitão.

“É crucial que todos os setores da sociedade exijam aos seus Governos e à União Europeia que atuem para combater as alterações climáticas. É por isso que apelamos aos cidadãos de todo o país que se juntem à Marcha pelo Clima, e que no domingo vão votar e o façam tendo em conta o futuro do planeta”, acrescentou.

A Marcha pelo Clima vai acontecer, à mesma hora, em 34 cidades portuguesas, como Lisboa, Porto, Aveiro, Barcelos, Guimarães, Portalegre, Évora e Faro.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.