Que espécie é esta: cebola-albarrã-do-Perú

A leitora Célia Leonardo fotografou esta planta a 29 de Março em Loulé e pediu ajuda para a identificar. Filipe Covelo responde.

 

“Num passeio pedestre por caminhos desconhecidos em Loulé, no Algarve, no dia 29 de março, deparámo-nos com esta bela espécie. Conseguem identificá-la?”, escreveu Célia Leonardo à Wilder.

 

 

Trata-se de uma cebola-albarrã-do-Perú ou cila-do-Perú (Scilla peruviana).

Espécie identificada e texto por: Filipe Covelo, colaborador do Jardim Botânico e do Herbário da Universidade de Coimbra (UC), no âmbito do projecto PRISC (Portuguese Research Infrastructure of Scientific Collections). O Jardim Botânico da UC tem a decorrer um projecto de consultas botânicas para o qual pode enviar as perguntas e dúvidas que tiver sobre plantas ([email protected]).

Esta é a espécie Scilla peruviana L. (família Asparagaceae).

A área de distribuição nativa é o ocidente mediterrâneo, desde a Itália e Malta até à Península Ibérica e costa NO de África).

Apesar de ter como restritivo específico peruviana, esta espécie não é nativa do Perú.

Consta que Carolus Clusius (o botânico que deu o primeiro nome à espécie) pensava que os bolbos tinham vindo do Perú, atribuindo o nome Hyacinthus stellatus peruanus a esta espécie.

Na verdade, pensa-se que os bolbos tenham chegado num barco chamado “Perú”.

Quando Linnaeus atribui o nome segundo as regras de nomenclatura que ainda hoje utilizamos, ele perpetua o erro, mesmo já sabendo que os exemplares tinham vindo da Lusitania – podemos confirmar isso na sua obra Species Plantarum.

As regras de nomenclatura botânica dizem que o nome válido publicado mais antigo é o nome correto, portanto o taxon continua como Scilla peruviana L.

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie para o nosso email a fotografia, a data e o local. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.