Que espécie é esta: falsa-viúva-negra

O leitor Luís Gomes observou esta aranha a 29 de Abril em Marvão e pediu ajuda para identificar a espécie. Sérgio Henriques responde.

 

“Pesquisei na Internet mas só encontrei algumas aranhas com corpo bastante parecido mas nenhuma com a risca vermelha no mesmo lugar, à frente do abdómen”, contou Luís Gomes à Wilder.

 

 

Este pequeno animal parece ser uma fêmea de falsa-viúva-negra (Steatoda paykulliana).

Espécie identificada e texto por: Sérgio Henriques, líder do grupo de especialistas em aranhas e escorpiões da UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza) e especialista da Sociedade Zoológica de Londres.

A risca vermelha é uma característica distintiva desta espécie, mas não é comum no resto do grupo a que pertence.

A linha que se vê na “barriga” tem a forma de lua e é quase característica das aranhas Steatoda, mas esta costuma ser branca e nesta especie a lua tem esta cor vermelha. Além disso, pode ter uma linha longitudinal no dorso (topo da barriga) que é vermelha também. É por isso confundida com a viúva negra (Latodectus) mas, na verdade, pertence a um género differente (Steatoda).

As viúvas negras que aparecem em livros e na Internet são usualmente dos Estados Unidos e a mancha vermelha (em forma de ampulheta) encontra-se na parte de baixo da barriga e não no topo. As viúvas negras da Austrália é que têm uma marca semelhante tanto no dorso como em baixo da barriga, mas não têm a meia lua.

Estes são animais que gastam bastante energia para nos avisar que não lhes devemos mexer. Embora sejam aranhas tímidas e basicamente inofensivas para o ser humano (particularmente as Steatoda).

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie-nos para o nosso email a fotografia, a data e o local. No caso de plantas, deve enviar fotos de pormenor das folhas, frutos e flores (se houver), se possível também tiradas contra o céu. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.