Lince-ibérico. Foto: Programa de Conservação Ex-Situ

População mundial de lince-ibérico sobe para 547

A população mundial de lince-ibérico (Lynx pardinus), espécie Em Perigo de extinção, subiu para 547, segundo os dados provisórios do censo de 2017 apresentados nesta quarta-feira na Andaluzia.

 

Quando as contagens de animais ainda decorrem no campo, o censo provisório permite já afirmar que existiam no ano passado um total de 547 linces-ibéricos em Portugal e Espanha. O censo de 2016 dava conta de 483 animais.

Graças aos projectos ibéricos de conservação da natureza, esta população conseguiu aumentar, partindo de apenas 94 linces em 2002, isolados em duas populações fragmentadas na Andaluzia.

Hoje, a Andaluzia continua a ter um papel preponderante para a espécie. Dos 547 linces registados, 402 vivem naquela região espanhola. Ainda assim, estes números são provisórios. “Os dados estão fechados em 90%, devido ao número de exemplares de é preciso registar e à extensão da superfície onde vivem linces”, segundo um comunicado do LIFE Iberlince.

Segundo José Fiscal, conselheiro do Ambiente e Ordenamento do Território na Junta da Andaluzia, “estes dados confirmam a boa evolução das populações do felino mais ameaçado do planeta”. O responsável realçou que a Junta da Andaluzia está empenhada na conservação deste património natural, primeiro consolidando as populações de Doñana e da Serra Morena e depois começando as reintroduções nas áreas de presença histórica da espécie, incluindo no Vale do Guadiana, no Alentejo.

Nestas novas áreas de reintrodução – no Alentejo, Extremadura espanhola e Castela-La Mancha – “as populações estão a aumentar conforme o previsto e estão a ser consolidados os objectivos definidos de cinco fêmeas territoriais por zona de reintrodução”, acrescenta o comunicado.

Uma das peças mais importantes para a conservação do lince-ibérico é a ligação entre essas diferentes áreas de reintrodução e presença destes felinos das barbas. “Já existe um intercâmbio fluído de animais entre Guadalmellato-Cardeña-Andújar-Guarrizas e desta última zona com a Serra Morena oriental, em Ciudad Real.” Além disso, alguns linces deslocaram-se entre o Valle de Matachel, Badajoz e Montes de Toledo e a Serra Norte de Sevilla; e entre Doñana e o Vale do Guadiana, em Portugal.

Ainda assim, a recuperação do lince está muito longe de não ter dificuldades. A doença hemorrágica viral, que afecta as populações de coelho-bravo, uma das principais presas do lince, tem “atrasado o crescimento populacional da espécie nos últimos anos”.

Os atropelamentos continuam a preocupar os conservacionistas. O ano passado terminou com um total de 58 linces mortos, 41 dos quais na Andaluzia. A Península Ibérica registou 31 atropelamentos, 18 dos quais na Andaluzia (mais cinco do que em 2016).

O lince-ibérico é uma espécie classificada desde 22 de Junho de 2015 como Em Perigo de extinção, depois de anos na categoria mais elevada atribuída pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), Criticamente em Perigo.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.