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Como tornar o seu Verão em Portugal mais selvagem

Edwina Pitcher, autora do livro Wild Guide Portugal, revela quais são as suas formas preferidas de ficar em contacto com a natureza este Verão.

 

Com as vidas ocupadas que todos temos, é fácil perdermos o contacto com a natureza. Mas com a luz do sol, os lagos frescos gloriosos, os rios profundos e verdes e as colinas de onde se observam as estrelas, tudo isto em Portugal, uma pausa no Verão é a altura perfeita para nos sintonizarmos com o mundo natural.

Aqui ficam cinco formas de voltarmos a ter férias ‘selvagens’ e de nos ligarmos à natureza em toda a sua glória.

 

  1. Um mergulho selvagem

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Tirar as roupas e mergulhar num lago cristalino de montanha, numa cascata espumosa ou num rio verde e profundo é uma das formas mais imediatas de nos conectarmos com a natureza.  As praias fluviais e os lagos de Portugal oferecem um vasto leque de mergulhos: nadar cara a cara com patos, flutuar sobre uma aldeia submersa no Alentejo ou nadar dentro de grutas marinhas escondidas.

Um dos nossos locais favoritos para um banho de rio em água suave como seda é a Praia Fluvial de Paredes de Taboão (na imagem acima), em Viana do Castelo. Ou fazer ‘canyoning’ ou andar de canoa ao longo de um rio para descobrir os recantos mais selvagens aonde não chegam as estradas.

Azenhas da Seda em Évora, Alentejo  (www.azenhasdaseda.com,  266 448 036) oferece grandes pacotes de aventura no rio, ou Montes de Laboreiro  (www.montesdelaboreiro.pt,  251 466 041), na extremidade Norte do Parque Nacional da Peneda-Gerês.

 

  1. Descubra um lugar escondido

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Com gravuras nas rochas, rochedos que se mantêm de pé, pinturas em cavernas e fortalezas nos montes, a paisagem de Portugal é uma rica tapeçaria de espaços sagrados e marcas territoriais. Estar nestes lugares é reavivar um sentimento de espanto e encantamento com a nossa Terra. Muitos destes lugares intemporais estão profundamente escondidos em florestas antigas, ou foram colocados lá no alto, no cimo de um monte.

Percorra um trilho através de terras encantadas para o Penedo do Encanto (na imagem), uma rocha em forma de baleia coberta por gravuras pré-históricas em forma de espiral, próxima de Castelo Lindoso, na Serra do Soajo. Ou veja o mundo através dos olhos do Neolítico nas cavernas em Esperança, no Alentejo, onde pinturas ocres ilustram caçadas e dragões. Redescobrir para si mesmo estes lugares secretos antigos, muitas vezes de novo selvagens, cria uma forte ligação com a sua magia intemporal.

 

  1. Uma pedra de toque

 

Gatinhar por debaixo de um dolmen megalítico como a Anta do Tapadão, em Portalegre, Alentejo (na imagem), e olhar para cima para as grandes rochas que foram empurradas para o seu lugar, para homenagear os mortos, há 5.000 anos. O instinto é tocarmos nas pedras cobertas de musgo, líquenes e pequenos fragmentos de quartzo. Estes locais de enterro são tácteis; eram reverenciados através da oferta de fios de contas, potes ou cabeças de flechas, mais tarde escavadas aqui. São sítios onde os antigos estariam ainda materialmente ligados aos vivos. Estas pedras ainda nos convidam a gatinhar para o seu interior e a tocar as paredes, o seu uso original mantém-se quando voltamos a ficar em contacto com uma antiga energia natural.

 

  1. Caminhar com a natureza

 

Dizem que para se ficar a conhecer Portugal devemos “sentir a terra debaixo dos nossos pés”. Percorrer a Rota Vicentina, um percurso pedestre de 400 km que do Cabo de São Vicente sobe para norte ao longo da Costa Alentejana, até Santiago do Cacém, é uma forma de o fazer. Seguindo os caminhos dos pescadores e os trilhos dos contrabandistas, este percurso passa em muitas praias secretas óptimas para um mergulho. Procure ninhos de cegonha na parede da falésia e dunas de areia repletas de aves.

Abrande o passo e percorra um trilho de burro ao longo da costa selvagem (na foto); com os mantimentos guardados em alforjes, é possível seguir por alguns dias. (Veja www.burros-artes.blogspot.com +37.3380, -8.7775 para umas férias a caminhar de burro por um dia ou uma semana.)

 

  1. Campismo selvagem

 

Dormir sob as estrelas pode ser uma experiência mágica. Prepare o acampamento à medida que a noite cai e traga um piquenique para ver à luz da lua, enquanto esta se eleva. Veja a lua a iluminar os montes ou observe as estrelas no Alentejo que, devido à falta de poluição luminosa, oferece alguns dos céus nocturnos mais escuros de Portugal.

No último Verão, dormimos no Vale do Douro e acordámos com o ‘coro da alvorada’ e com a neblina baixa por cima dos montes. Se encontrar um lugar para acampar próximo de um rio, afaste as más energias com um banho refrescante pela manhã. Lembre-se de ser atencioso, de partir cedo e não deixar vestígios.

 

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Edwina Pitcher é autora de Wild Guide Portugal: Hidden Place, Great Adventures and the Good Life, publicado no Reino Unido a 13 de Março de 2017 (£16.99, Wild Things Publishing).

Contém mais de 700 locais secretos e longe das rotas habituais, por todo o Portugal.

 

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Saiba mais.

Leia a entrevista que Edwina Pitcher deu à Wilder, a propósito do seu livro sobre Portugal.