Aranha Euoplos dignitas. Foto: Queensland Museum

Austrália: Descoberta nova espécie de aranha gigante em risco de extinção

Cientistas responsáveis pela identificação da espécie destacam a “natureza espectacular desta aranha, grande e linda”.

A nova Euoplos dignitas, descrita como “muito grande” por cientistas do Museu de Queensland, na Austrália, pertence ao grupo das chamadas aranhas buraqueiras ou aranhas de alçapão. A descrição científica da aranha, que foi submetida a estudos genéticos para se confirmar que se tratava de uma nova espécie, foi publicada recentemente no Journal of Arachnology.

O que distingue as aranhas buraqueiras, que também existem em Portugal, é que se escondem em tocas com tampas. No caso da espécie agora descoberta na Austrália, esta foi observada até agora apenas nos solos escuros da zona de Brigalow Belt, no centro do estado de Queensland, no nordeste do país.

A aranha foi encontrada no âmbito do projecto DIG, que desde há quatro anos fomenta a investigação sobre a biodiversidade em Queensland. O que mais entusiasma os investigadores é o tamanho alcançado pelas fêmeas, que tal como noutras aranhas são bastante maiores do que os machos. Neste caso, o corpo destas pode chegar aos 5 centímetros de comprimento.

Michael Rix, curador principal de aracnologia na Rede de Museus de Queensland e um dos autores do novo artigo, explicou que “esta aranha pertence a um género (Euoplos) com muitas espécies, mas esta espécie em particular chama-se dignitas”, por ser a palavra em latim para “dignidade e grandeza”, uma referência “à natureza espectacular desta aranha, grande e linda”. 

O nome científico da espécie é também uma homenagem ao projecto DIG. “Graças ao projecto DIG, pudemos conduzir o trabalho de campo, a pesquisa genética e o trabalho de laboratório”, referiu o mesmo responsável, citado numa publicação do Museu de Queensland. 

De acordo com a equipa, é provável que a nova aranha esteja Em Perigo de extinção, segundo as regras da União Internacional para a Conservação da Natureza. Isto porque habita apenas numa pequena área, onde as zonas mais florestadas – que compõem o seu habitat – têm sido substituídas por campos agrícolas.

Segundo uma notícia no The Guardian, que falou com Michael Rix, as fêmeas desta espécie vivem debaixo da terra, enquanto que os machos deixam a toca passados cinco a sete anos, para encontrar outra parceira. “É muito grande para uma aranha de alçapão”, notou o investigador.

De dia, estas aranhas ficam fechadas na toca, mas durante a noite escondem-se debaixo da porta do seu buraco, à espera de que passe um insecto para o apanharem. E embora usem veneno para capturar as presas, não são perigosas para os humanos.


Saiba mais.

Descubra aqui algumas das aranhas de Portugal, através das espécies já identificadas pelos especialistas do consultório “Que Espécie é Esta?”.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.