Nova Zelândia encerra gruta durante um ano para salvar aranha rara

O Departamento de Conservação da Nova Zelândia anunciou o encerramento a partir de 1 de Junho e durante um ano de uma gruta para salvar a rara aranha-da-caverna-Nelson, a maior aranha do país, que ali vive.

A Crazy Paving Cave, no Parque Nacional Kahurangi – no noroeste da ilha do Sul da Nova Zelândia e o segundo maior dos 13 parques nacionais do país -, é a casa da rara aranha-da-caverna-Nelson (Spelungulae cavernicola). Com uma envergadura de patas de 13 centímetros e um corpo de três centímetros, esta é a maior aranha da Nova Zelândia.

Aranha-da-caverna-Nelson. Foto: Richard Rossiter/DOC

Segundo o conservacionista Scott Freeman, os censos mais recentes têm demonstrado um decréscimo no número de sacos com ovos de aranha naquela gruta, talvez por causa do número de visitantes humanos.

“O número de aranhas que temos visto, na verdade, tem aumentado a partir de 2019, possivelmente por causa da redução no número de visitantes associada à Covid-19. Contudo, desde 2018 apenas foi encontrado um saco de ovos”, disse em comunicado.

Saco de ovos da aranha-da-caverna-Nelson, fotografado em 2018. Foto: Brett Sandford/WikiCommons

“Queremos fechar a gruta para ver se assim conseguimos melhorar a reprodução desta espécie. Encerrar a gruta significa que conseguiremos monitorizar a resposta da população desta aranha à ausência de visitantes humanos”, acrescentou.

As aranhas-da-caverna-Nelson também são encontradas na região de Golden Bay. São uma espécie protegida por Lei na Nova Zelândia desde 1953.

Estas aranhas vivem perto da entrada de grutas, não tanto em profundidade. Encontram as suas presas pela vibração.

Os juvenis nascem e são criados em sacos de ovos suspensos do tecto das grutas, que se assemelham a pequenas bolas de golfe. Cada saco pode conter até 50 pequenas aranhas. Segundo os investigadores, as aranhas demoram entre dois a três anos a tornarem-se adultas. A maioria das outras espécies de aranhas completa o seu ciclo de vida em apenas um ano.

Acredita-se que estas aranhas possam ser o elo perdido entre as aranhas primitivas – do tempo do super-continente Gondwana, há 350 milhões de anos – e as aranhas modernas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.