Em Perigo: este ano nasceram 17 crias de visão-europeu em centro de reprodução espanhol

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Os esforços para travar a extinção do visão-europeu, um dos mamíferos mais ameaçados da Europa, conseguiram este ano um total de 17 crias, nascidas num centro de reprodução dedicado à espécie em Espanha.

Esta história de conservação acontece no Centro de Reprodução em Cativeiro e Estudo do Visão Europeu, em Casarrubios del Monte, em Toledo (Castela-La Mancha), Espanha.

Foto: FIEB

Ali, uma equipa de técnicos trabalha para travar a extinção do visão-europeu (Mustela lutreola), espécie classificada Criticamente Em Perigo pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). Estima-se que hoje restem menos de 500 animais em Espanha, principalmente em La Rioja, Navarra e País Basco.

A principal causa desta situação é a competição com o visão-americano (Neovison vison), uma espécie exótica invasora, mas não só. O visão-europeu está ainda ameaçado pela poluição dos rios e pela perda do seu habitat natural.

Parte do esforço para trazer de volta esta espécie passa por reproduzir animais em cativeiro para depois os reintroduzir na natureza e assim reforçar as populações selvagens.

Foto: FIEB

Este ano houve seis ninhadas e um total de 17 crias, 10 fêmeas e sete machos.

A primeira fêmea a dar à luz foi Pinilla (três crias), seguida de Puebla (quatro crias) – ambas nascidas naquelas instalações em 2020.

Depois foi a vez de Oncala (duas crias) e Polika (duas crias). Quase um mês depois, Okamika e Pineda deram à luz duas e quatro crias, respectivamente.

O projecto de reprodução desta espécie começou em 2015 e é coordenado pela Fundación para la Investigación en Etología y Biodiversidad (FIEB).

Nesta temporada reprodutora foram envolvidos dois machos selvagens e sete machos nascidos no centro nos anos anteriores. “Todos os cruzamentos que tiveram sucesso foram realizados por Sancho e Llorente, ambos machos selvagens”, explicou a Fundação, em comunicado. Nenhum dos machos nascidos em cativeiro conseguiu ainda reproduzir-se com sucesso.

Nos últimos três anos, este centro conseguiu uma média de 19 crias de visão-europeu em cada temporada reprodutora, “o que traz alguma esperança para a espécie”, segundo um comunicado da Fundação.

Foto: FIEB

Mas o início de 2021 ficou marcado pelo temporal Filomena, que afectou mais de metade das instalações do Centro de reprodução, destruindo muros e derrubando telhados. “A equipa teve de realojar 18 exemplares em outras instalações provisórias e reparar e renaturalizar oito instalações a tempo do início da temporada reprodutora, deixando o resto das obras para o Outono.”

Já nasceram naquele Centro 86 visões europeus. Destes, 20 foram libertados na natureza para aumentar a população selvagem.

O visão-europeu é hoje um dos mamíferos mais ameaçados da Europa. “Com menos de 500 indivíduos em Espanha, é fundamental trabalhar na reprodução desta espécie em cativeiro para travar o seu desaparecimento e conseguir que volte a povoar os rios e as zonas húmidas do Norte do nosso país.”

O projecto de reprodução em cativeiro do visão-europeu tem o apoio da Fundación Biodiversidad e do Ministério para a Transição Ecológica e Desafio Demográfico.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.