Águia-cobreira. Foto: Juan Lacruz/WikiCommons

Esta águia sofreu uma electrocussão, foi recuperada e já vai a caminho de África

A águia-cobreira esteve cerca de dois meses no RIAS em recuperação de lesões numa asa e no peito. Graças a um GPS sabemos que esta ave já está na sua rota migratória para África, onde vai passar o Inverno.

Esta águia-cobreira (Circaetus gallicus), uma fêmea sub-adulta, foi resgatada a 10 de Julho pelo núcleo de Protecção Ambiental da GNR de Beja, na área do Parque Natural do Vale do Guadiana. Suspeitava-se de electrocussão.

Foto: ICNF

“Esta espécie utiliza os postes de média e baixa tensão como pouso e/ou descanso, o que a torna uma das espécies mais vulneráveis a este tipo de acidentes”, explica uma nota do da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

A ave recebeu os primeiros cuidados dos técnicos do ICNF. Estes cuidados “foram essenciais para assegurar a sua sobrevivência, uma vez que esta se encontrava extremamente debilitada, devido às lesões na asa direita e na zona do peito”, explica uma nota do Instituto.

Depois, a águia foi levada para o RIAS – Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens, em Olhão. Aí passou cerca de dois meses para recuperar a forma física.

A 29 de Agosto foi devolvida à natureza no Parque Natural do Vale do Guadiana, no local onde tinha sido encontrada.

Mas antes, os técnicos do ICNF colocaram-lhe um emissor GPS/GSM para “garantir o seu seguimento e monitorização”.

Três dias depois da sua libertação, a ave encontrava-se na envolvente de Sevilha e prosseguiu na sua rota migratória em direção a Sul.

Na semana passada encontrava-se na zona de Algeciras, numa deslocação natural para o Norte de África, local de invernada.

A electrocussão é uma das principais causas de mortalidade não natural de aves de grande e de médio porte. Paulo Marques, responsável do projecto LIFE Imperial, explicou à Wilder anteriormente que as águias usam as linhas eléctricas como pousos para descansar ou para procurar alimento. Estas aves correm grandes riscos porque são “animais de grande envergadura que facilmente tocam nos postes e nos fios, provocando uma descarga”. 


Saiba mais sobre a águia-cobreira aqui.

Esta águia-perdigueira não teve a mesma sorte da águia-cobreira.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.