Foto: Willfried Wende/Pixabay

Estudo revela que contar borboletas pode reduzir a ansiedade

Se sentir tranquilidade quando observa borboletas, então não está sozinho. Um novo estudo da organização britânica Butterfly Conservation revelou que contar borboletas pode reduzir a ansiedade e aumentar a sensação de ligação à natureza.

Os investigadores inquiriram um grupo de pessoas antes e depois de participarem, em 2022, no censo Big Butterfly Count, iniciativa de ciência cidadã a nível nacional na qual as pessoas passaram 15 minutos a registar o número e o tipo de borboletas que viam.

Os resultados, publicados na revista Biological Conservation, mostram que este curto período de tempo na natureza reduziu a ansiedade, em média, em 9%. Os participantes também disseram ter passado a reparar em borboletas mais vezes nas seis a sete semanas após o censo.

Carly Butler, investigador da Universidade de Derby e o coordenador do estudo, disse que “a investigação mostrou que mesmo pequenos períodos de tempo passados a observar e a contar borboletas são benéficos”. Além disso, acrescentou, “os benefícios de redução da ansiedade e maior ligação à natureza são os mesmos quer a pessoa tenha participado apenas 15 minutos ou várias vezes”.

“Isto mostra que pequenas bolsas de tempo em ligação com a vida selvagem e com a natureza têm benefícios profundos na forma como nos sentimos.”

Os dados recolhidos no Big Butterfly Count são usados para monitorizar os números das diferentes espécies de borboletas do Reino Unido. As borboletas reagem muito rapidamente a alterações no seu ambiente e por isso são bons indicadores da saúde de um ecossistema.

Projectos de ciência cidadã como estes são considerados vitais para ajudar os cientistas a compreender de que forma estão as populações das espécies a mudar. Enquanto que a recolha de informação e a sensibilização para a conservação têm sido os grandes objectivos, os impactos do simples acto de participar tem recebido menos consideração.

“É muito importante que as pessoas se envolvam em projectos de ciência cidadã, uma vez que os benefícios são mútuos”, comentou Blanca Huertas, curadora de borboletas do Museu de História Natural de Londres. “É uma forma de as pessoas se comprometerem com a natureza, de se sentirem úteis e de se relacionarem com os outros.”

“Além disso, é muito importante ter um ‘exército’ de ajudantes na recolha de dados. Os cientistas nem sempre têm os recursos para recolher dados ou programas de monitorização continuados, por isso é extremamente valioso. Precisamos recolher muita informação para conseguiremos responder a grandes questões sobre o mundo e os problemas da natureza e do planeta.”

Actualmente mais de metade das espécies de borboletas britânicas estão na Lista Vermelha do Reino Unido. As principais ameaças são a perda do habitat e as alterações climáticas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.