Manta. Foto: Luís Berimbau

Prepare-se para o censo à maior das rapinas diurnas nidificantes da Madeira

É já no fim-de-semana de 6 e 7 de abril que decorre na Madeira e Porto Santo mais um Censo de Mantas, a maior das três aves de rapina diurnas nidificantes no arquipélago. A Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) desafia todos a olhar o céu em busca desta ave emblemática.

“Junte a família e amigos e saia à rua para contar mantas”, desafiou, em comunicado, Cátia Gouveia, coordenadora da SPEA Madeira. “A metodologia é muito simples, basta realizar um ou mais percursos (a pé, de bicicleta ou de carro), anotando quantas mantas observou. É recomendável realizar as contagens entre as 10 e as 14 horas, período coincidente com uma maior atividade destas aves.”

Manta. Foto: Eduardo Nóbrega

Em 2023, 52 voluntários percorreram mais de 750 quilómetros ao longo da Ilha da Madeira e Porto Santo. Foram observadas um total de 151 mantas, sendo possível estimar que existem 278 aves no arquipélago.

No entanto, ainda são necessários mais voluntários para prospetar a maior área possível e conseguir uma melhor estimativa de quantas mantas existem no arquipélago.

“Com o contributo de todos podemos ter um retrato mais fiel sobre o estado de conservação das mantas no arquipélago da Madeira”, acrescentou Cátia Gouveia.

A manta (Buteo buteo harterti) é a maior das três aves de rapina diurnas nidificantes na Madeira.

Manta. Foto: Luís Berimbau

É fácil de identificar pelo seu tamanho. A sua plumagem é predominantemente castanha, com a parte interior das asas esbranquiçada, além de uma cauda listrada e quadrada. Tanto o bico como as patas são amarelos. Nesta altura do ano, por estar na época de reprodução encontram-se mais ativas e vocais.

Na Madeira, as mantas podem ser observadas desde as zonas florestais até aos centros urbanos, geralmente em voo ou pousadas em pontos altos de onde conseguem avistar as suas presas, tais como ratos, aves, coelhos, répteis, anfíbios, insetos e minhocas. Este predador de topo é um verdadeiro aliado no combate a pragas, mantendo o equilíbrio dos ecossistemas.

Apesar de ser considerada pouco ameaçada a nível do seu estatuto de conservação, esta rapina sofre com a perda de habitat, envenenamento e eletrocussão em linhas elétricas.

Depois de concluído o censo, cada voluntário receberá um certificado de participação e será informado dos resultados do censo em primeira mão. Toda a informação sobre o censo encontra-se em www.spea.pt.

“Mesmo que não se tenha inscrito neste censo, se porventura observar alguma manta durante o fim-de-semana, faça-nos chegar o seu registo através do email [email protected].”


A SPEA-Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves patrocina a secção “Seja um Naturalista”.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.