Serra do Caldeirão. Foto: Município de Loulé

Reflorestados 147 hectares na Serra do Caldeirão para restaurar biodiversidade

Uma área de 147 hectares na Serra do Caldeirão, Loulé, foi reflorestada com mais de 18 mil árvores -como sobreiros, azinheiras, medronheiros, alfarrobeiras e figueiras – no âmbito do Programa REACT-EU, informou hoje o município de Loulé.

A iniciativa “Combate à desertificação – Ameixial”, financiada pelo REACT-EU do Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (COMPETE 2020), teve um investimento de quase 750 mil euros. Na sessão de encerramento do projecto, a 13 de Dezembro no Ameixial, foram divulgados os resultados.

Segundo a autarquia, a intervenção aumentou a densidade arbórea em cerca de 80%, “um importante contributo para combater a desertificação vegetativa deste território”.

Após a limpeza do mato nos terrenos dos proprietários, foram feitas sementeiras de espécies melhoradores do solo. Foram plantadas mais de 18 mil árvores, entre sobreiros, azinheiras e medronheiros, mas também rearborizados os terrenos de pomar misto de sequeiro (alfarrobeiras e figueiras). 

Trabalhos de limpeza dos terrenos, prévios à plantação de árvores. Foto: Município de Loulé

“As ações já realizadas irão reduzir a desertificação, com o aumento dos nutrientes e sumidouros de carbono, promovendo um incremento da biodiversidade local. Abrem-se portas para que surjam aqui novas atividades agroflorestais, como a pastorícia”, acrescentou a autarquia em comunicado. 

Ao longo dos anos, “a diminuição drástica da pluviosidade, aumento da seca e das temperaturas têm levado ao empobrecimento e abandono dos solos, tal como à perda da biodiversidade, e a Serra do Caldeirão é disso um bom exemplo”. “É a natureza que vai morrendo, acompanhando também a diminuição da presença humana no território e na paisagem”, comentou o autarca Vítor Aleixo.

Vislumbra-se agora uma esperança para o meio rural que vê assim aumentar a resiliência face aos incêndios que têm fustigado a floresta. “É um sinal positivo para as pessoas que ainda vivem no interior para que não abandonem as suas terras. O seu trabalho no meio florestal é extremamente importante. Queremos que o capital natural se reverta em rendimento para as pessoas e, certamente, há ainda o bem maior que é trabalhar para a salvaguarda do planeta”, acrescentou Vítor Aleixo.

Equipa do projecto no terreno. Foto: Município de Loulé

Medidas como esta que permitem combater os efeitos das alterações climáticas poderão ser replicadas noutros pontos do interior do concelho algarvio.

Actualmente está em curso outro projecto de restauro de ecossistemas nesta serra, pelas mãos da organização ANP-WWF.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.