Zigaena-fausta (Zygaena fausta). Foto: Albano Soares

Estações da Biodiversidade: Aceite o desafio e descubra estes 13 insectos comuns em Oeiras

Em diversos locais do município, pode encontrar painéis com informação sobre os insectos e a flora aí observados. Trace um percurso e parta “à caça” destas espécies. Sozinho, com amigos ou em família.

Nos últimos dois anos, por todo o concelho de Oeiras foram inaugurados diversos Biospots e três Estações da Biodiversidade (EBIO), numa parceria entre a autarquia, a associação Tagis e o cE3c – Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais, ligado à Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. O objectivo deste projecto e do guia de campo, disponível gratuitamente, é abrir a porta do mundo dos insectos a quem deseja conhecer melhor a biodiversidade do município.

Com a ajuda das sugestões e informações da equipa responsável por este projecto, faça-se ao caminho, procure estes 13 insectos comuns e registe-os na plataforma Biodiversity4All.

Para começar, cinco espécies que já foram identificadas na EBIO Quinta do Recreio do Marquês de Pombal:

1. Bicho-pau-ibérico (Leptynia attenuata)

Bicho-pau-ibérico (Leptynia attenuata). Foto: Rui Félix

Podem ser observados de Junho a Setembro. Estão mais activos durante a noite e podem encontram-se facilmente em cima de giestas. As jovens ninfas surgem na Primavera e os adultos no Verão.

2. Libélula-esmeralda (Oxygastra curtisii)

Libélula-esmeralda (Oxygastra curtisii). Foto: Albano Soares

Estas libélulas de olhos esverdeados voam de Abril a Agosto e podem encontrar-se junto a riachos e ribeiras que tenham árvores nas margens, em especial na metade norte do país, para cima do Tejo. É uma espécie protegida a nível europeu.

3. Zigaena-fausta (Zygaena fausta)

Zigaena-fausta (Zygaena fausta). Foto: Albano Soares

Estas mariposas ou borboletas nocturnas voam de Junho a Outubro. Apesar do grupo a que pertencem, estão activas durante o dia, tal como muitas outras mariposas. As lagartas comem pascoínhas.

4. Libélula-anelada (Cordulegaster boltonii)

Libélula-anelada (Cordulegaster boltonii). Foto: Albano Soares

As ninfas desta espécie podem passar até sete anos dentro da água dos ribeiros ou noutro ambiente aquático. Podem ser observadas a voar, no estado adulto, entre Abril e Outubro. Os machos são “muito territoriais” e patrulham os ribeiros “com um ar pesado”, informa o “Guia de Campo de Insetos e Plantas de Oeiras”.

5. Borboleta-carnaval (Zerynthia rumina)

Borboleta-carnaval (Zerynthia rumina). Foto: Rui Félix

Esta bonita borboleta voa de Fevereiro a Junho. As suas lagartas alimentam-se apenas de plantas do género Aristolochia, ao qual pertence por exemplo a erva-bicha ou estrelamim (Aristolochia paucinervis).

De seguida, visite a Fábrica da Pólvora, onde poderá procurar vários insectos com a ajuda de um Biospot, incluindo estes dois:

6. Libelinha-de-mercúrio (Coenagrion mercuriale)

Libelinha-mercúrio (Coenagrion mercuriale). Foto: Rui Félix

Estas libelinhas de tons azulados podem ser observadas de Abril a Julho, junto a pequenos cursos de água, de preferência com água bem oxigenada e com muitas plantas aquáticas. É muito sensível a alterações no seu habitat, como por exemplo a poluição.

7. Coletes-dos-cardos (Colletes abeillei)

Coletes-dos-cardos (Colletes abeillei). Foto: Albano Soares

Esta abelha solitária pode ver-se principalmente de Maio a Agosto. Visita apenas as plantas da família das asteráceas, como são as margaridas, os crisântemos e os girassóis, entre outras. Constrói as células onde deposita os ovos debaixo do solo e protege-as com uma substância que fabrica com a língua, semelhante ao celofane.

Depois da Fábrica da Pólvora, visite a EBIO Serra de Carnaxide, onde poderá deparar com estas duas curiosas espécies:

8. Mariposa-tigre (Epicallia villica)

Mariposa-tigre (Epicallia villica). Foto: Albano Soares

Estas vistosas mariposas voam de Março a Julho. As cores desta borboleta, na verdade, alertam para o facto de causar irritação e mau gosto. Os machos estão activos durante a noite, mas as fêmas podem ser observadas durante o dia. Já as lagartas alimentam-se principalmente de silvas, embora também não desgostem de outras plantas.

9. Grilo-de-Pala (Scioba lusitanica)

Grilo-de-Pala (Sciobia lusitanica). Foto: Albano Soares

Estes gafanhotos, que podem ser encontrados apenas na Península Ibérica e em Marrocos, costumam ficar escondido durante o dia debaixo de pedras e em cavidades no chão. Não conseguem voar por terem asas curtas. Os machos (na foto) apresentam uma estrutura em forma de pala, muito desenvolvida, que ajuda a identificar a espécie.

No Parque dos Poetas, pode encontrar informação sobre insectos comuns que ali costumam ser observados, como é o caso destes dois:

10. Borboleta-do-medronheiro (Charaxes jasius)

Borboleta-do-medronheiro (Charaxes jasius). Foto: Albano Soares

Trata-se da maior borboleta diurna da Europa. A lagarta, tal como indica o nome, alimenta-se apenas das folhas do medronheiro, pelo que as borboletas-do-medronheiro podem ser encontradas junto a locais onde abundam estes arbustos de frutos saborosos. Voam de Março a Outubro.

11. Mosca-das-flores-de-olhos-pontilhados (Eristalinus aeneus)

Mosca-das-flores-de-olhos-pontilhados. Foto: Rui Félix

Estas moscas-das-flores são uma espécie cosmopolita, o que significa que podem ser encontradas um pouco por todo o mundo. Voam de Março a Outubro e os adultos alimentam-se do néctar das flores.

Passando à Quinta Real de Caxias, irá encontrar fotografias de várias espécies, como esta interessante abelha. Não deixe de a procurar durante a sua época de voo:

12. Abelha-corta-folhas (Megachile maritima)

Abelha-corta-folhas (Megachile maritima). Foto: Albano Soares

Estas abelhas solitárias fazem os seus ninhos em cavidades e forram as pequenas células onde depositam os ovos com folhas que cortam e transportam para o local, daí o seu nome comum. Podem ser vistas em voo entre Maio e Outubro.

Quanto à orla marítima, cada uma das seis praias do município tem igualmente um Biospot à entrada, representado por um painel. Procure-os e registe os insectos que encontrar, a começar por esta vespa colorida:

13. Vespa-das-dunas (Bembix oculata)

Vespa-das-dunas (Bembix oculata). Foto: Albano Soares

As vespas-das-dunas voam de Abril a Setembro. Os adultos alimentam-se de néctar. As fêmeas escavam pequenos túneis na areia, que são vigiados pelos machos, para aí guardarem os alimentos que serão dados às pequenas larvas, quando estas nascerem.


Saiba mais.

Esta é a lista das Estações da Biodiversidade (EBIO) e dos Biosposts no concelho de Oeiras, que todos podemos visitar:

Biospot Parque Urbano de Miraflores

Biospot Quinta Real de Caxias         

Biospot Fábrica da Pólvora   

Biospot Jardim Municipal e Palácio Marques de Pombal   

Biospot Parque dos Poetas  

Biospot Quinta Real de Caxias  

Biospot Taguspark

Biospot Vale da Terrugem       

Biospots da Orla Marítima (1 painel por praia): Praia Cruz-Quebrada Dafundo, Praia da Torre, Praia de Algés, Praia de Caxias, Praia de Paço de Arcos, Praia de Santo Amaro de Oeiras        

EBIO Jamor     

EBIO Quinta de Recreio do Marquês de Pombal      

EBIO Serra de Carnaxide

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.