Quebra-ossos. Foto: Richard Bartz/Wiki Commons

Novo recorde para reprodução em cativeiro de quebra-ossos

A conservação do quebra-ossos na Andaluzia ganhou um novo fôlego com a postura de 14 ovos no Centro de Reprodução de Guadalentín, na época de reprodução 2015/2016. Segundo a Junta da Andaluzia este é um novo recorde. As crias deverão começar a nascer a partir do final deste mês.

 

Actualmente vivem em liberdade na Andaluzia 15 quebra-ossos (Gypaetus barbatus), ave das barbas escuras perto do bico e do vermelho vivo em redor dos olhos. Estes animais são fruto das libertações no âmbito do Programa de Reintrodução do Quebra-ossos, começadas em 2006. Um deles, a fêmea Bujaraiza, esteve em Portugal em Maio passado.

No coração deste projecto de conservação está o Centro de Reprodução de Guadalentín, em Cazorla (Jaén). Desde que foi inaugurado em 1996, o centro, gerido pela Fundación Gypaetus, já viu nascer um total de 52 crias de quebra-ossos. O grande objectivo é estabelecer uma população autónoma e estável da espécie na Andaluzia, de onde se extinguiu há cerca de 50 anos devido aos envenenamentos e à perseguição humana directa.

Em Abril do ano passado, as autoridades confirmavam o nascimento da primeira cria em liberdade.

Agora, surgem mais notícias do projecto. A 11 de Janeiro, a Junta da Andaluzia anunciou a postura de 14 ovos por sete casais de quebra-ossos no Centro de Guadalentín. Até agora, as melhores temporadas tinham sido as de 2009/2010 e 2010/2011, com 13 ovos.

O primeiro ovo desta temporada foi posto a 8 de Dezembro de 2015 por Keno, fêmea emparelhada com Joseph. O último foi posto a 9 de Janeiro por Nava, emparelhada com Lázaro. O trabalho deste centro baseia-se em técnicas de reprodução natural. “A fecundação é natural e a incubação e o desenvolvimento das crias está a cargo dos pais. A intervenção humana é a mínima possível”, explicou a Junta.

Agora, os técnicos do centro estão atentos ao processo de incubação de cada casal, para assegurar ao máximo o seu êxito reprodutor. “Ainda assim, há que esperar quase dois meses para saber se os ovos se estão a desenvolver ou não”, diz a Junta da Andaluzia. Prevê-se que a primeira cria nasça no final de Janeiro ou no início de Fevereiro.

Em Portugal, a espécie está dada como extinta. Não se conhecem registos da sua ocorrência desde o final do século XIX, segundo o livro “Aves de Portugal” (2010). O registo mais preciso é de 1888 quando duas aves foram abatidas no rio Guadiana. Os exemplares estão hoje no Museu de Zoologia da Universidade de Coimbra.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.