O borrelho-de-coleira-interrompida é uma das espécies com um grande declínio. Foto: Zeynel Cebeci/Wiki Commons

Viana do Castelo participa em projecto ibérico para conservar habitats e espécies costeiras

O projecto Biocosteiro está a melhorar o estado de conservação de habitats costeiros e das suas espécies em Espanha e Portugal, nomeadamente em Viana do Castelo.

A zona costeira entre Viana do Castelo e a província espanhola galega de Pontevedra alberga inúmeras espécies de aves migradoras, algumas em situação de perigo como os ostraceiros (Haematopus ostralegus), os colhereiros (Platalea leucorodia) ou os maçaricos-reais (Numenius arquata) e as últimas populações reprodutoras de espécies tão emblemáticas como o borrelho-de-coleira-interrompida (Charadrius alexandrinus), também ameaçado.

O projecto Biocosteiro, coordenado pela Diputación de Pontevedra e no qual participa o município de Viana do Castelo e a Sociedade Espanhola de Ornitologia (SEO/Birdlife), quer melhorar o estado de conservação destes habitats costeiros e das espécies que deles dependem na costa de Pontevedra e na zona limítrofe portuguesa de Viana do Castelo.

Entre as acções do projecto está a elaboração de uma Estratégia de Gestão de Turismo Responsável e Sustentável, intervenções para melhorar a proteção das populações reprodutoras de borrelho-de-coleira-interrompida e de ostraceiros, incluindo medidas para melhorar os habitats onde as aves se reproduzem, se alimentam e descansam (como, por exemplo, a erradicação de espécies exóticas invasoras).

O projecto Biocosteiro – Conservação da biodiversidade em habitats costeiros galaico-portugueses desenrola-se de 2024 a 2026 e tem um apoio de 75% do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER). Está orçado em cerca de 750 mil euros.  

Em Fevereiro deste ano foi lançado um outro projecto, o Iberalex, entre Portugal e Espanha direcionado para a conservação do borrelho-de-coleira-interrompida (Charadrius alexandrinus), espécie que regista um decréscimo muito preocupante.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.