Este fim-de-semana é tempo de contar rapinas

O X censo anual de Milhafres/Mantas, ave de rapina diurna dos Açores e Madeira, vai acontecer neste fim-de-semana com a ajuda de voluntários. O objectivo é perceber qual o estado das populações desta espécie, segundo a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (Spea).

Nos dias 28 e 29 de Março, dezenas de voluntários vão registar os seus avistamentos destas aves, numa iniciativa promovida pela Spea nos dois arquipélagos.

Nos Açores ocorre o milhafre (subespécie Buteo buteo rothschildi) e na Madeira, a manta (subespécie Buteo buteo harterti). No continente ocorre a águia-de-asa-redonda (subespécie Buteo buteo búteo).

“Para participar neste censo não é necessário ter conhecimentos científicos específicos, bastando conseguir identificar a ave”, explica a Spea em comunicado. Este é um projecto científico que quer envolver os cidadãos para que sejam obtidos mais dados sobre as populações de milhafres e mantas dos Açores e Madeira.

Segundo os promotores, nas nove edições anteriores estiveram envolvidos 778 voluntários, tendo permitido avistar 4983 aves em ambos os arquipélagos, em 662 percursos.

“Em 2014, as ilhas com maior número de milhafres/mantas avistadas por quilómetro percorrido foram a Graciosa, o Faial e São Miguel”, de acordo com a Spea. “As ilhas com menor número foram Porto Santo e Santa Maria”.

“A participação das pessoas ao longo destes dez anos tem sido uma surpresa com muitas pessoas a colaborarem desde a primeira edição”, diz Clara Ferreira, presidente da Spea. Esta participação tem sido “fundamental na obtenção de dados sobre esta espécie que ocorre em diversas ilhas e mostra como todos nós podemos de uma forma simples contribuir para o estudo de uma ave tão importante como esta”.

O envenenamento e a eletrocussão em linhas elétricas são as principais ameaças que afetam os milhafres, para além da captura/abate ilegal.

[divider type=”thin”]Agora é a sua vez.

Fique a saber mais sobre este projecto de “citizen science” na página da Spea.

Onde ver as aves:

Segundo a Spea, esta ave de rapina, com uma envergadura entre 110 e 130 centímetros, pode ser vista sozinha ou em grupo, a voar, pairar, pousada no solo ou, muito frequentemente, em cima de muros, postes e nos seus poisos de caça. A espécie pode ser observada um pouco por todo o lado, em zonas florestais, áreas costeiras, pastagens e mesmo zonas urbanas, alimentando-se maioritariamente de roedores, pode consumir também pequenas aves, insectos e minhocas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.