Foto: Joana Bourgard

Apresentados a 13 de Outubro resultados finais da Lista Vermelha da Flora Vascular

Foram 626 as espécies de plantas vasculares de Portugal Continental avaliadas desde Outubro de 2016. A Lista Vermelha da Flora Vascular será apresentada numa conferência a 13 de Outubro na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Na conferência de apresentação pública dos resultados finais do projecto, no Auditório 2 da Fundação Calouste Gulbenkian a partir das 09h00, será publicado um livro com o trabalho feito.

A obra “Lista Vermelha da Flora Vascular de Portugal Continental” terá as fichas de avaliação das 381 espécies que hoje estão ameaçadas de extinção e das 19 espécies actualmente extintas.

Um dos participantes na conferência é David Allen, da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), organismo responsável pela avaliação dos estatutos de ameaça das espécies do planeta. O perito irá falar sobre o papel das Listas Vermelhas de Espécies Ameaçadas na conservação da biodiversidade global e regional.

Peritos da Sociedade Portuguesa de Botânica vão apresentar quais as plantas ameaçadas e extintas em Portugal Continental, quais as maiores ameaças à riqueza botânica do nosso país e explicar como foi feita esta Lista Vermelha Botânica.

O Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) explicará qual o papel desta Lista Vermelha para a conservação da natureza e ordenamento do território.

Em virtude da pandemia, a lotação do auditório será reduzida, pelo que as inscrições para a comparência na conferência são limitadas. O evento será gravado e poderá ser acompanhado em direto por videodifusão (live streaming) em videocast.fccn.pt/live/fccn/fcgulbenkian.

Esta Lista Vermelha foi feita com a ajuda de mais de 90 colaboradores da comunidade botânica portuguesa. A coordenação esteve a cargo da Sociedade Portuguesa de Botânica e da Associação Portuguesa de Ciência da Vegetação (PHYTOS), em parceria com o ICNF.

A equipa de botânicos – juntamente com muitos voluntários – percorreu muitos quilómetros, de Norte a Sul do país, e passou muitas horas em herbários. Como resultado, tiveram algumas boas notícias, como por exemplo terem reencontrado três espécies que se pensava estarem extintas em Portugal, duas das quais não eram observadas há cerca de 50 anos.

Uma dessas espécies há muito ‘desaparecidas’ é a Klasea pinnatifida, que foi reencontrada pelos botânicos da Lista Vermelha nos solos calcários do Alto Alentejo.

Em contrapartida, a equipa deparou-se também com más notícias. Por exemplo, duas espécies que faziam parte da lista de plantas-alvo do projecto não foram detectadas nos territórios onde costumam ocorrer.

Tanto a agricultura intensiva praticada em larga escala como a urbanização do litoral, entre várias ameaças, estão a provocar “declínios acentuados” de algumas plantas. Como a Apium repens, extremamente rara, que se encontra em locais húmidos da Costa Sudoeste; a Linaria ricardoi, que só ocorre em Portugal, exclusivamente nas searas e olivais de sequeiro do Baixo Alentejo e o alcar-do-Algarve (Tuberaria globulariifolia major), também encontrada apenas em Portugal, em locais soalheiros sobre os solos ácidos e pedregosos do litoral do Sotavento Algarvio.


Saiba mais.

Em 2018, a Wilder foi até ao Herbário da Universidade de Lisboa para ver de perto os trabalhos para a Lista Vermelha.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.