Duas cegonhas-pretas juvenis marcadas no Douro Internacional

Duas cegonhas-pretas (Ciconia nigra) com 55 dias de vida foram marcadas com transmissores de localização a 27 de Julho no Parque Natural do Douro Internacional.

 

As duas aves foram marcadas no âmbito do projecto de doutoramento em curso da bióloga Marta Acácio (Universidade de East Anglia/Inglaterra), em colaboração com o CIBIO-InBIO (Universidade do Porto).

Marta Acácio está a estudar os hábitos e percursos migratórios das cegonhas-pretas portuguesas, uma espécie com estatuto de “Vulnerável” segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (2005).

Este estudo iniciou-se em 2018 e tem final previsto para 2021, tendo sido já marcadas 18 aves, segundo uma nota do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). “A obtenção de informação sobre os processos migratórios e as zonas de concentração pré e pós migratória são dados muito importantes para a conservação desta verdadeira jóia faunística ibérica.”

 

Cegonha-preta. Foto: Frank Vassen/Wiki Commons

 

A 27 de Julho, foi o biólogo Carlos Pacheco quem colocou os transmissores de localização (via GSM) nas duas cegonhas juvenis que estavam dentro do ninho, numa escarpa rochosa das margens do Rio Douro, no Parque Natural do Douro Internacional.

“Estas crias tinham a idade aproximada de 55 dias, encontrando-se numa fase próxima à sua saída do ninho e início do processo de dispersão e migração”, explicou o ICNF, cujos técnicos acompanharam a intervenção, mais concretamente da Direcção Regional do Norte/PNDI.

Existem cerca de 100 casais de cegonha-preta em Portugal, distribuindo-se ao longo da zona fronteiriça com Espanha.

“O Parque Natural do Douro Internacional, em conjunto com o Parque Natural de Arribes del Duero (Castilla Leon /Espanha), constituem uma das áreas mais importantes para a nidificação desta espécie ao nível da Península Ibérica.”

Em 2019 foram recenseados 15 casais nidificantes (transfronteiriços) pela equipa PNDI/PNAD.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.