Foto: João Santos / ICNF

Este ano serão libertados 27 linces na Península Ibérica

Um total de 27 linces serão reintroduzidos na natureza em quatro regiões da Península Ibérica durante os primeiros meses de 2021, revela o Programa de Conservação Ex-Situ dedicado a esta espécie Em Perigo de extinção.

Os 27 linces-ibéricos serão libertados no Alentejo, na Andaluzia, em Castela – La Mancha e na Extremadura. Todos são animais nascidos em 2020 na rede de centros do Programa de Conservação Ex Situ do Lince Ibérico.

A temporada de soltas de 2021 começou em Portugal, a 9 de Fevereiro, com a solta de dois machos (Rosmaninho e Rouxinol) na zona de reintrodução de Mértola, em pleno Parque Natural do Vale do Guadiana.

Foto: João Santos / ICNF

A 10 de Fevereiro foi libertado o lince Riachuelo, proveniente do Centro de Cria de El Acebuche, em Doñana (Andaluzia).

Este ano, até ao final de Fevereiro, serão libertados em Portugal um total de sete linces-ibéricos. No nosso país estima-se que existam hoje mais de 150 felinos desta espécie, num território com quase 500 quilómetros quadrados.

Os restantes 20 animais serão devolvidos à natureza em território espanhol.

A 12 de Fevereiro, quatro linces foram reintroduzidos em Toledo e em Ciudad Real, em Castela-La Mancha. Nesta comunidade autonómica espanhola vivem actualmente cerca de 300 linces-ibéricos (dos quais 180 com mais de um ano de idade).

Foto: João Santos / ICNF

Todos os quatro linces que agora vivem em Castela-La Mancha nasceram no Centro Nacional de Reprodução do Lince-Ibérico (CNRLI), em Silves, Portugal. São eles Relento, Rebento, Recife (três machos) e Rajada (fêmea).

“A reintrodução é um processo a médio, longo prazo que tem como objectivo estabelecer uma população viável e que mantenha um fluxo genético regular com outras populações de lince, restabelecendo a situação favorável à espécie”, salienta o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), instituto que, em Portugal, gere as medidas de conservação da natureza. 

Até 17 de Fevereiro todos podemos ajudar a escolher o nome de três linces que serão libertados a 18 de Fevereiro em Portugal, no Vale do Guadiana.

Foto: João Santos / ICNF

A votação online, lançada pelo ICNF, propõe 10 nomes à escolha para as três jovens fêmeas, nascidas em 2020 no Centro de Cria de La Olivilla. São eles: Romeira, Ravina, Rocha, Ribeira, Rasteira, Roselha, Rutabaga, Rola, Russiana e Raponcio.

Estas três fêmeas nasceram no Centro de Cria de La Olivilla, na Andaluzia.

“Todos os anos, os nomes dos linces começam com uma letra consecutiva do alfabeto. As crias que nasceram em 2020 e que estão agora a ser libertadas, receberão nomes começados pela letra R”, explica o ICNF, em comunicado.

O lince-ibérico (Lynx pardinus) é uma espécie classificada desde 22 de Junho de 2015 como Em Perigo de extinção, depois de anos na categoria mais elevada atribuída pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), Criticamente em Perigo.


Saiba mais

Série “Como nasce um lince-ibérico”

Uma equipa da Wilder esteve dois dias no CNRLI em Março de 2015 e assistiu ao último parto da temporada, ao lado de veterinários, tratadores, video-vigilantes e voluntários. Saiba como é o trabalho naquele centro e quem são as pessoas por detrás da reprodução em cativeiro desta espécie.


Já que está aqui…

Apoie o projecto de jornalismo de natureza da Wilder com o calendário para 2021 dedicado às aves selvagens dos nossos jardins.

Com a ajuda das ilustrações de Marco Nunes Correia, poderá identificar as aves mais comuns nos jardins portugueses. O calendário Wilder de 2021 tem assinalados os dias mais importantes para a natureza e biodiversidade, em Portugal e no mundo. É impresso na vila da Benedita, no centro do país, em papel reciclado.

Marco Nunes Correia é ilustrador científico, especializado no desenho de aves. Tem em mãos dois guias de aves selvagens e é professor de desenho e ilustração.

O calendário pode ser encomendado aqui.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.