Albatroz. Foto: Nomis-simon/Wiki Commons

Hoje celebra-se o primeiro Dia Mundial do Albatroz

Esta sexta-feira, dia 19 de Junho, comemora-se por todo o mundo o Dia Mundial do Albatroz, anunciou a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA). O objectivo é alertar para as ameaças que põem em risco as aves marinhas.

 

Este ano será a primeira vez que o Dia Mundial do Albatroz é celebrado, promovido a nível internacional pelo Acordo Internacional para a Conservação de Albatrozes e Pardelas, conhecido pela sigla inglesa ACAP. Este acordo foi assinado precisamente há 20 anos, com o objectivo de “mitigar ameaças às populações de albatrozes, pardelas e painhos através de legislação e sensibilização”, indica a SPEA em comunicado.

O ACAP tem hoje 13 países membros – nos quais não se inclui Portugal – e é também apoiado por vários Estados não signatários e organizações não governamentais (ONG). O acordo lista 31 espécies diferentes de albatrozes, painhos e pardelas, a maioria ameaçadas a nível mundial.

 

Albatrozes e pardelas. Foto: Nahuel Chavez /Albatross TaskForce Argentina

 

Para assinalar a nova data, estão previstas palestras online, vídeos e até concursos: um concurso internacional de bolos e uma votação no Twitter, para o casal de albatrozes com a melhor dança nupcial.

Em Portugal, as comemorações do Dia do Albatroz são organizadas pela SPEA. “Em Portugal não existem albatrozes, mas há aves da mesma família, como a pardela-balear, a ave marinha mais ameaçada da Europa”, lembra Joana Andrade, coordenadora do Departamento de Conservação Marinha desta ONG, citada em comunicado.

 

Pardela-balear. Foto: Marcabrera/Wiki Commons

 

“Estas aves sofrem por serem capturadas acidentalmente nas pescas, pelos efeitos das alterações climáticas e pelo impacto de espécies invasoras, que são o foco deste primeiro Dia do Albatroz.”

Cagarras e outras aves marinhas nidificam em ilhas onde evoluíram sem predadores nessas zonas, pelo que não criaram mecanismos de defesa para essas situações. Quando propositadamente ou de forma acidental, são introduzidos animais como ratos e gatos, “o impacto na mortalidade de crias e destruição de ovos tem sido devastador para muitas espécies.”

 

Crias de albatroz atacadas por ratos. Foto: Ben Dilley/Instituto Fitz Patrick Univ. Cidade do Cabo

 

Ainda assim, tem sido possível reverter algumas dessas ameaças, como em Portugal aconteceu na ilha Berlenga, ao largo de Peniche. “Controlando as espécies invasoras conseguimos que o roque-de-castro nidificasse na ilha“, recorda Joana Andrade. Por outro lado, têm sido realizadas acções com pescadores em vários locais do país, com o objectivo de “desenvolver medidas que evitem que as aves fiquem presas nos equipamentos de pesca.”

 

Aves com viagens épicas

O novo Dia Mundial do Albatroz também pretende alertar para “a necessidade de um esforço mundial” para proteger estas e outras aves marinhas “que percorrem o globo”. À semelhança dos albatrozes, que conseguem passar vários anos sem vir a terra, há espécies que passam em Portugal e realizam “viagens épicas”.

Exemplos?  As cagarras, que se reproduzem nas Berlengas, Açores e Madeira, quando chega o tempo mais frio migram para o Atlântico Sul. Algumas chegam a alcançar o Oceano Índico.

“Os albatrozes unem muitos países pelos oceanos. As ameaças que enfrentam, como a pesca excessiva e a poluição plástica, também nos afectam, então, vamos trabalhar juntos para criar o mundo em que desejamos viver”, apelou Verónica López, Presidente do Grupo Interseccional do Dia Mundial do Albatroz do ACAP, Chile.

 

[divider type=”thin”]Saiba mais.

Leia mais informações sobre as comemorações do Dia Mundial do Albatroz no Twitter.

Descubra ainda 65 espécies de aves marinhas que ocorrem em território português e saiba como se realizou o projecto do Atlas das Aves Marinhas de Portugal.

E recorde a história de Wisdom, uma albatroz que em 2016, aos 65 anos de idade, voltou a ser mãe. Há registos de que em 2019 repetiu mais uma vez essa proeza.

 

 

 

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.