Nasceram 64 crias de urso-pardo na Cordilheira Cantábrica

O censo de 2018, cujos resultados foram conhecidos esta semana, dá conta de uma ligeira descida no número de crias, de 73 nascidas em 2017 para as 64 do ano passado.

Todos os anos, equipas técnicas das comunidades autonómicas, da Fundación Oso Pardo (FOP), de outras entidades conservacionistas e voluntários saem para o campo à procura de indícios e recolhem vídeos e fotografias para saber quantas fêmeas e quantas crias vivem na região.

O mais recente censo, relativo a 2018 e cujos resultados foram divulgados em Santander, na Cantábria, dá conta da existência de 38 ursas reprodutoras e de 64 crias de urso-pardo (Ursus arctos).

A sub-população ocidental registou 31 fêmeas e 50 crias e a sub-população oriental registou sete fêmeas e 14 crias.

Segundo um comunicado da FOP, foram monitorizadas 123 localizações para a presença de urso na Cordilheira Cantábrica, 87 na sub-população ocidental e 36 na oriental.

O urso-pardo foi declarada espécie Em Perigo de extinção em Espanha em 1989. Hoje distribui-se por quatro comunidades autonómicas – Principado das Astúrias, Cantábria, Castela e Leão e Galiza – em duas populações diferenciadas.

Segundo a Fundação Urso das Astúrias, estes dois núcleos estão separados geograficamente por 50 quilómetros, mas sabe-se que há um reduzido intercâmbio de exemplares. “A consolidação deste corredor interpopulacional que facilite a ligação de ambas as populações é considerada vital para a conservação da espécie”, conclui esta fundação.

Em Portugal, esta é uma espécie extinta na natureza. Mas em Maio deste ano foi confirmada a presença de um urso-pardo, um indivíduo isolado, pela primeira vez desde 1843.


Saiba mais sobre o urso-pardo.

O urso-pardo mede entre metro e meio e dois metros. Os machos podem pesar entre 80 e 240 quilos e as fêmeas entre 65 e 170 quilos.

A população mundial de urso-pardo está estimada em cerca de 200.000 animais. A Rússia tem as maiores populações (estimadas em 120.000 ursos), seguida dos Estados Unidos (32.200, dos quais 31.000 no Alasca) e Canadá (25.000). Há ainda ursos na China e no Japão.

Na Europa, excluindo a Rússia, calcula-se que existam cerca de 14.000 ursos. No Sul da Europa, esta é uma espécie Em Perigo de extinção, com populações pequenas na Grécia, Cordilheira Cantábrica, Abruzzo, Trentino e Pirinéus.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.