Foto: Joana Bourgard

PAN quer corredores e abrigos para abelhas em Lisboa

O grupo municipal do PAN – Pessoas-Animais-Natureza apresenta esta terça-feira, na Assembleia Municipal de Lisboa, uma recomendação para serem criados abrigos e corredores para abelhas e outros insectos polinizadores.

“Esta recomendação visa definir um plano de zonas que poderão acolher os abrigos e corredores para estes insectos, tais como hortas comunitárias, jardins ou parques, e posterior implantação de estruturas com várias cavidades que sirvam de abrigo seguro para várias espécies de abelhas”, indica um comunicado do partido.

Estes abrigos para polinizadores destinam-se a várias espécies de abelhas e permitem “a nidificação das espécies silvestres de hábito solitário, aumentando assim a sua permanência nestes espaços verdes e mantendo-as seguras de agrotóxicos existentes em espaços externos não controlados”, adianta a recomendação apresentada pelos deputados municipais Inês de Santos Real e Miguel Santos.

Em Portugal, há actualmente registo de pelo menos 680 espécies diferentes de abelhas, entre as quais uma espécie descoberta muito recentemente.

Os abrigos podem destinar-se ainda a outros insectos, como borboletas, abelhões, vespas, escaravelhos, joaninhas e crisopas, exemplificam os representantes do PAN.

Cultivar flores e plantas autóctones que atraiam abelhas e outros polinizadores, “contribuindo para o aumento das suas colónias”, é outra das medidas propostas, tal como a formação dos técnicos da divisão do Ambiente nessa área.

“O desaparecimento dos insectos polinizadores, como as abelhas, nomeadamente devido ao uso de pesticidas ou aos efeitos das alterações climáticas, tem um impacto muito grave na sobrevivência das outras espécies e do planeta”, indica Inês de Sousa Real, citada em comunicado.

“As cidades têm aqui um papel fundamental na criação de canais de polinização. Para além de jardins e parques, existem os terraços e fachadas verdes que se têm revelado novos habitats para estas espécies.”

Estudo com universidades e ONG

Em cima da mesa está também a realização de um estudo que sirva de base à criação dos corredores para abelhas dentro do concelho de Lisboa, a ser promovido em parceria com universidades e organizações não governamentais ligadas ao ambiente, cidadania e natureza.

O grupo municipal do PAN propõe ainda que seja desenhada “uma estratégia integrada local para a protecção de insectos,  incluindo a não utilização de pesticidas nocivos para os insectos polinizadores e outras medidas de proteção.”

Se a recomendação for aprovada e avançar no terreno, os deputados municipais querem que seja desenvolvido um programa de monitorização e de avaliação do impacto das novas medidas.

Para já, o documento terá de receber luz verde na Assembleia Municipal de Lisboa, para serem depois ser apresentado à Câmara Municipal.


Saiba mais.

Recorde quais são os melhores refúgios das abelhas na cidade e também cinco medidas que pode tomar na luta contra o declínio mundial dos insectos.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.