Pombinhas-do-guadiana eleita Planta do Ano 2024

A pombinhas-do-guadiana (Linaria pseudamethystea) vencedora da votação, organizada pela Sociedade Portuguesa de Botânica, foi descrita há apenas um ano.

A espécie pombinhas-do-guadiana (Linaria pseudamethystea) foi eleita Planta do Ano 2024 com 48% dos votos.

Pombinhas-do-guadiana. Foto: Miguel Porto/Flora-On

pombinhas-do-guadiana foi descrita há cerca de um ano, a 23 de fevereiro de 2023, na revista Phytotaxa por uma equipa de investigadores das Universidades de Granada e Almeria. A espécie ocorre apenas no sudoeste ibérico, conhecendo-se, em Portugal, no Algarve e Baixo Alentejo interior e em Espanha nas províncias de Huelva e Sevilha. A sua distribuição sobrepõe-se parcialmente à de L. amethystea.

As votações para a Planta do Ano 2024 decorreram entre os dias 10 e 28 de fevereiro. No total contabilizaram-se 1315 votos, vindos de norte a sul de Portugal continental e ilhas, incluindo votos de alunos de várias escolas e votos transfronteiriços (representando 16 países).

Em segundo lugar ficou a erva-toira-de-noudar (Orobanche nepetae) e em terceiro a funcho-limão (Foeniculum sanguineum) que reuniram, respetivamente, 33.3% e 18.7% dos votos. 

“Ao longo deste ano de 2024 a Linaria pseudamethystea será a embaixadora de um Portugal botânico ainda por descobrir”, segundo a Sociedade Portuguesa de Botânica.

“Queremos agradecer a todos os participantes, que votando e divulgando esta iniciativa deram visibilidade a estas novas espécies, e em geral, a todas as novas espécies que ainda atualmente se descobrem para a ciência e para a flora portuguesa.”

O objetivo da eleição deste ano foi alertar para “a necessidade de valorizar os conhecimentos de florística e taxonomia em Portugal, que se encontram à margem dos currículos académicos e das principais vias de financiamento científico”, indica a Sociedade Portuguesa de Botânica.

Esta organização sublinha que “vivemos uma nova vaga de descobertas acelerada por ferramentas como o iNaturalist”, pela fotografia digital e pelo acesso a novas ferramentas, como por exemplo o portal Flora-On e a plataforma Biodiversity4All, que revolucionaram o ritmo de produção e acumulação de conhecimento sobre a nossa flora na última década, alargando também a comunidade botânica”.

“Dar um nome é um passo necessário para a conservação de qualquer espécie”, afirma também a SPBotânica, que lembra que “três em cada quatro plantas por descrever correrem sérios riscos de extinção”. E por isso, salienta, é “fundamental” continuar com “o trabalho de florística e taxonomia necessários ao inventário da diversidade vegetal, com o objetivo de a melhor compreender e salvaguardar.”

A equipa organizadora desta eleição lembra ainda que “Portugal ainda é uma fronteira fértil para a descoberta de novidades botânicas, desde novas plantas para as floras provinciais e nacional até novas espécies para a ciência”. Em 2023, a arméria-do-sado foi a planta eleita.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.