Um marco crucial para o Criticamente Em Perigo papa-moscas-negro-das-Seychelles

Uma equipa de biólogos conseguiu transferir para outra ilha seis papa-moscas-negros-das-Seychelles, espécie Criticamente Em Perigo, para tentar evitar a extinção desta ave.

 

Quatro fêmeas e dois machos de papa-moscas-negro-das-Seychelles (Terpsiphone corvina) foram capturados na Ilha Denis e levados para a Ilha Curieuse, onde se juntaram a 11 machos e nove fêmeas. Estes 20 animais tinham sido transferidos para ali da Ilha La Digue no final do ano passado.

 

Foto: Rachel Bristol

 

Quatro semanas depois da libertação, algumas aves já tinham feito ninho e uma primeira cria tinha já saído do ninho, segundo um comunicado da Universidade de Kent, responsável pelo projecto de conservação, financiado pela Iniciativa Darwin, do Governo britânico.

Actualmente, o papa-moscas-negro-das-Seychelles está classificado como Criticamente Em Perigo de extinção pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

O objectivo deste projecto é estabelecer uma nova população da espécie na Ilha Curieuse.

 

Foto: Rachel Bristol

 

O esforço para resgatar esta espécie da extinção não é de agora. A primeira introdução desta ave a acontecer nas Seychelles, da Ilha La Digue para a Ilha Denis, foi realizada em 2008. “Teve tanto sucesso que a população da Ilha Denis cresceu consideravelmente de 23 indivíduos transferidos para os actuais 85”, explica a Universidade, em comunicado.

Foi graças a esta população que a equipa de conservacionistas pôde seleccionar algumas aves para a segunda transferência, desta vez para a Ilha Curieuse; as restantes aves vieram da população relíquia da Ilha de La Digue.

“Este é um começo muito positivo para esta nova população”, comentou Jim Groombridge, professor de Conservação da Biodiversidade e coordenador da School of Anthropology and Conservation (SAC) de Kent.

 

Foto: Rachel Bristol

 

“A transferência (de aves) é um marco crucial para a recuperação desta ave criticamente ameaçada e representa o sucesso de uma colaboração internacional de longo prazo entre o Governo das Seychelles, parceiros locais de conservação e a Universidade de Kent”, acrescentou.

Groombridge acredita que é possível acreditar num futuro mais seguro para esta fantástica ave.

 

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.