Rosmaninho (Lavandula stoechas). Foto: Bj.schoenmakers/Wiki Commons

Como cuidar das plantas durante o Verão?

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Carine Azevedo ajuda-nos com algumas dúvidas que temos em relação aos meses mais quentes, quando cuidamos de um espaço verde ou trazemos o verde para dentro de nossas casas, com as plantas de interior.

No verão, o cuidado com as plantas deve ser adaptado às condições da estação. O sol e as altas temperaturas podem ser fatais, sobretudo para aquelas que vivem no exterior. No entanto, as plantas de interior também sofrem muitas agressões, sendo por isso fundamental alguns cuidados especiais nesta época do ano para que todas se mantenham bonitas e saudáveis.

Quando as plantas, de uma maneira geral, perdem o seu brilho natural, ou as folhas começam a ficar amareladas e nalguns casos a murchar, esses são os primeiros sinais de que alguma coisa não está bem.

Algumas espécies suportam a incidência de luz solar direta e o calor, já outras requerem ambientes com sombra ou meia-luz e arejados. Determinadas espécies são menos exigentes em água; no entanto, outras requerem regas mais regulares. É muito importante atender às necessidades particulares de cada espécie, para que se mantenham com aspeto saudável. 

O local certo para a planta

A luz solar é a fonte de energia das plantas para que possam realizar a sua atividade fotossintética e se consigam desenvolver. Para algumas espécies, a duração da exposição à luz solar pode ser também determinante para a floração e frutificação. 

Por exemplo, uma planta de sol que receba pouca luz pode manifestar sinais de murchidão, deixar de se desenvolver e de produzir flores e frutos, pois não consegue produzir energia suficiente para que isso aconteça. Por outro lado, uma planta que prefira locais com menos exposição solar – uma espécie de sombra ou meia sombra, mas que está exposta a muita luz – pode ter os mesmos problemas.

Pode afirmar-se que a maioria das plantas gosta de “apanhar sol”, mas cada uma exige uma quantidade maior ou menor de exposição à luz solar. Por isso, na hora de plantar, é importante conhecer bem a espécie, para que o local escolhido vá ao encontro das suas necessidades.

Erva-cidreira. Foto: Gideon Pisanty

Se a planta for colocada em vaso pode sempre deslocá-la de um local para o outro, mas, se for plantada diretamente no solo, esse processo é mais difícil. Para ultrapassar este problema podem usar-se alguns materiais como telas, redes de sombra e outros, que proporcionem sombra em situações mais difíceis.

Para evitar o contacto direto do sol com as plantas mais sensíveis que estejam em vasos, deve escolher-se sempre um local mais fresco e com menor incidência de luz solar e, preferencialmente, nunca se devem deixar os vasos diretamente no solo, para que não absorvam o calor daquele, potencializando a secura das raízes.

Regar na medida certa

A rega é fundamental em qualquer época do ano, mas no verão é particularmente imprescindível e é importante ter em conta algumas recomendações:

  • Evite regar as plantas durante as horas de maior calor, pois quando o sol está forte, o solo fica muito quente e a água evapora-se antes mesmo de chegar às raízes.
  • Evite molhar as folhas, sobretudo quando as plantas estão expostas ao sol, pois isso pode provocar queimaduras nas folhas.
  • Opte por regar de manhã cedo ou ao anoitecer, altura em que as temperaturas estão mais baixas e o sol ainda não está forte.
  • Opte por regar devagar, de forma a garantir que a água se infiltra no solo e chega até às raízes. Regar de forma rápida pode levar a que a água escorra para outras áreas e a rega não seja equilibrada. Se a planta estiver em vaso, regue até que a água apareça no fundo do mesmo, no prato.
  • Antes de regar novamente toque no solo, pressionando com os dedos para verificar a humidade, e assim ficará a saber se a planta precisa de ser regada ou não. Se os dedos ficarem sujos com terra húmida, a planta ainda tem água no solo. Se sentir que aquele está seco à superfície, deverá voltar a regar.

Remover folhas e flores secas

A limpeza dos jardins e das plantas em geral é muito importante para as manter sempre bonitas, mas também para garantir que continuam a crescer de forma saudável. As folhas e as flores secas, já sem vida, por exemplo, em nada contribuem para as plantas. Remover regularmente as partes secas que aquelas apresentam vai ajudá-las a manterem-se saudáveis.

Poejo (Mentha pulegium). Foto: Gardenology.org

Por sua vez, as folhas são essenciais para o processo fotossintético. No entanto, se estiverem castanhas e secas, a sua atividade é nula, pelo que a planta continua a gastar energia para as manter. Por isso, é importante que sejam regularmente removidas, assim como as flores secas. Desta forma, a planta não desperdiça energia para as manter, podendo com esta energia extra estimular condições favoráveis ao seu crescimento, favorecendo o aparecimento de novas folhas e até de novas flores, se ainda estiver em fase de floração.

As folhas e flores secas que caem e ficam sobre o solo também devem ser regularmente removidas, sobretudo no verão e se as plantas estiverem em vaso, uma vez que dificultam a circulação do ar e a infiltração da água. 

Os inimigos das plantas

É no verão que as pragas, os principais inimigos das plantas, estão geralmente mais ativas e causam maiores danos. O olhar atento aos sinais que se manifestam é muito importante para que não ocorra qualquer tipo de infestação. 

Eliminar regularmente as espécies infestantes e estar atento à presença de insetos, fungos e de outros parasitas, favorece o crescimento das plantas sem qualquer constrangimento e competição.

Uma forma de evitar o aparecimento de algumas pragas no jardim passa por plantar outras espécies que funcionam como excelentes repelentes naturais:  

  • Calêndula (Calendula officinalis)
  • Arruda (Ruta graveolens)
  • Cravo-da-índia (Tagetes erecta)
  • Gerânio (Geranium spp.)
  • Limonete (Aloysia triphylla)
  • Poejo (Mentha pulegium)
  • Erva-príncipe (Cymbopogon citratus)
  • Hortelã-vulgar (Mentha spicata)
  • Tomilho (Thymus vulgaris)

O verão é considerado a melhor época do ano para promover a adubação das plantas, uma vez que é nessa estação que estas metabolizam e absorvem mais rapidamente os nutrientes do solo. 

Os adubos orgânicos são sempre uma opção melhor do que os adubos químicos. Existem soluções caseiras eficazes e baratas, como é o caso do aproveitamento das cinzas, das borras de café, das cascas dos ovos, das cascas das bananas, entre outros. 

Perpétua-das-areias (Helichrysum italicum). Foto: Duarte Frade

Apesar do sucesso destas soluções caseiras, é preciso alguns cuidados na sua utilização. As cascas dos ovos, das bananas e de outros legumes devem ser decompostas antes de utilizadas, caso contrário a decomposição decorrerá junto das plantas e pode levar ao aumento da temperatura do solo e causar queimaduras nas raízes, ou até mesmo atrair pragas nocivas. Além disso, deve garantir-se que a vegetação seja regada regularmente, para que o adubo, seja ele orgânico ou químico, atue de forma positiva.

Se gostou das recomendações apresentadas, agora só falta colocá-las em prática e aproveitar ao máximo o seu jardim e as suas plantas.

Em breve apresentarei outros cuidados a ter, mas até lá podem partilhar as fotos dos vossos jardins temáticos nas redes sociais com #jardimtemático e no Instagram, comigo (@biodiversityinportuguese) e com a Wilder (@wilder_mag).


Ao longo de mais de dois anos Carine Azevedo deu-nos a conhecer, todas as semanas, novas plantas para descobrirmos em Portugal. Encontre aqui todos os artigos desta autora.

Carine Azevedo é Mestre em Biodiversidade e Biotecnologia Vegetal, com Licenciatura em Engenharia dos Recursos Florestais. Faz consultoria na gestão de património vegetal ao nível da reabilitação, conservação e segurança de espécies vegetais e de avaliação fitossanitária e de risco. Dedica-se também à comunicação de ciência para partilhar os pormenores fantásticos da vida das plantas. 

Para acções de consultoria, pode contactá-la no email [email protected]. E pode segui-la também no Instagram.