Quebra-ossos. Foto: Francesco Veronesi/Wiki Commons

Andaluzia conseguiu sete crias de quebra-ossos este ano

Esta temporada de reprodução em cativeiro do quebra-ossos (2016/2017), o abutre mais ameaçado da Europa, terminou com sete crias saudáveis, revelou nesta segunda-feira a Junta da Andaluzia.

 

O Centro de Reprodução de Quebra-Ossos de Cazorla (em Jaén) teve sete casais reprodutores que puseram um total de 14 ovos. Destes, apenas oito foram viáveis e um morreu ainda durante a incubação, segundo um comunicado da Junta andaluza.

A primeira cria nasceu a 28 de Janeiro e a última a 6 de Março e os pesos variaram entre os 118,9 gramas e os 167,4 gramas.

Três das sete eclosões precisaram da intervenção humana, “uma por causa da má posição da cria dentro do ovo e as outras duas por causa do excessivo tamanho da cria, o que as impedia de se mover e quebrar a casca do ovo”, explica a Junta.

No total, nasceram no centro de Cazorla um total de 77 crias de quebra-ossos, das quais sobreviveram 68. A primeira nasceu a 27 de Fevereiro de 2002 e a última a 6 de Março de 2017.

O quebra-ossos (Gypaetus barbatus) é o abutre mais ameaçado da Europa. Houve tempos em que era comum em Portugal, mas acabou por desaparecer. Assim como na Andaluzia, devido a envenenamentos e perseguição humana.

Em toda a Europa existem hoje pouco mais de 200 casais, 130 dos quais em Espanha. Desde 1996 está a decorrer na Andaluzia um projecto para estabelecer uma população autónoma e estável na região, cuja peça central é o Centro de Reprodução de Cazorla, gerido pela Fundación Gypaetus. Este centro faz parte de um projecto europeu para recuperar a espécie.

No ano passado, o Centro de Reprodução em Jaén conseguiu 14 ovos, dos quais sobreviveram nove crias. Hoje existem sete casais reprodutores naquele centro e a maioria das suas crias destina-se à liberdade, para reforçar as populações naturais.

Actualmente estima-se que vivam em liberdade na Andaluzia 15 quebra-ossos, fruto das libertações no âmbito do Programa de Reintrodução do Quebra-ossos, começadas em 2006. Um deles, a fêmea Bujaraiza, esteve em Portugal em Maio de 2015.  Em Abril de 2015, as autoridades confirmaram o nascimento da primeira cria em liberdade na Andaluzia. A maioria das aves que estão a ser seguidas optam por permanecer naquela província.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.