Quebra-ossos. Foto: Richard Bartz/Wiki Commons

Libertado o sétimo quebra-ossos do ano na Andaluzia

As autoridades andaluzas libertaram ontem o sétimo quebra-ossos deste ano. A fêmea Génave foi libertada no Parque Natural de Cazorla, Segura e Villas (Jaén) no âmbito de um projecto de reintrodução desta ave na Andaluzia.

 

Génave nasceu no Centro de Recuperação de Fauna de Vallcalent, em Lérida, mas foi levada com apenas 10 dias de vida para o Centro de Reprodução de Quebra-ossos em Cazorla, onde foi adoptada pelo casal Andalucía e Salvia.

Ontem foi libertada no Parque Natural de Cazorla, Segura e Villas, área protegida onde este ano já foram libertados cinco quebra-ossos. Os outros dois foram libertados na Serra de Castril (Granada).

O quebra-ossos (Gypaetus barbatus) extinguiu-se na Andaluzia nos anos 80 do século XX devido aos envenenamentos e à perseguição humana directa.

Desde então só existia uma população em Espanha, a pirenaica. Mas o cenário alterou-se com o projecto de reintrodução da espécie, impulsionado pela Junta de Andaluzia e pela Fundação Gypaetus.

Actualmente vivem em liberdade na Andaluzia mais de 15 quebra-ossos, ave das barbas escuras perto do bico e do vermelho vivo em redor dos olhos. Estes animais são fruto das libertações no âmbito do Programa de Reintrodução do Quebra-ossos, começadas em 2006. Desde então já foram libertadas 44 aves. Uma deles, a fêmea Bujaraiza, esteve em Portugal em Maio de 2015.

Em Abril do ano passado, as autoridades confirmavam o nascimento da primeira cria em liberdade.

Grande parte das aves libertadas nasceram no Centro de Reprodução de Quebra-ossos em Cazorla, inaugurado em 1996. Desde então já nasceram ali 70 crias, das quais 61 estão vivas, em liberdade ou em cativeiro. Desde o primeiro, a 27 de Fevereiro de 2002, até ao último, a 1 de Março de 2016.

Este ano nasceram nove crias de 14 ovos de sete casais reprodutores.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais sobre o quebra-ossos:

Como é um quebra-ossos: esta é uma ave com quase três metros de envergadura de asa e até oito quilos de peso. A plumagem pode ser muito escura na sua fase juvenil e tornar-se mais clara com as sucessivas mudas. Mas talvez o que melhor a caracteriza são as barbas escuras perto do bico e o vermelho vivo em redor dos olhos.

Onde nidifica: nas saliências rochosas das grandes cadeias montanhosas.

O que significa o seu nome científico: em Latim, Gyp quer dizer abutreaetus quer dizer águia e barbatus quer dizer com barba.

Alimenta-se de quê: esta ave é a única do planeta que se alimenta quase exclusivamente de ossos, principalmente de ungulados. Pode chegar a alimentar-se de ossos com 20 centímetros, que digere graças ao seu potente estômago. Quando não os consegue comer inteiros, agarra neles com as suas garras e lança-os de grandes alturas em zonas rochosas para os quebrar.

Quais as maiores populações de quebra-ossos na Europa: esta é uma espécie em perigo de extinção no Velho Continente. As maiores populações são as da cordilheira Pirenaica, da Córcega e Creta. A nível mundial, a União Internacional para a Conservação da Natureza classificou-a como Quase Ameaçada.

 

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.