pequena ave cinzenta e castanha pousada num ramo
Papa-moscas-cinzento. Foto: Listamann/Wikimedia Commons

Para fazer: Descubra os animais e plantas do parque florestal de Monsanto, num bioblitz de Outono

A maior área verde de Lisboa vai ser visitada este sábado por biólogos, amantes de natureza e simples curiosos. A Wilder falou com a organização e conta-lhe como vai ser.

As libélulas e borboletas nocturnas migradoras do Outono e os pequenos papa-moscas-pretos e cinzentos que por estes meses passam em Portugal, em trânsito da Europa do Norte para África, são algumas das espécies que poderão surpreender quem se juntar ao bioblitz de Outono agendado para este sábado, 23 de Setembro, no Parque Florestal de Monsanto, explicou à Wilder Patrícia Tiago, da equipa organizadora.

Mas o que é um bioblitz? Quem se juntar a uma destas acções de ciência cidadã tem como objectivo a identificação e o registo das espécies de animais, plantas e outros grupos, como por exemplo os líquenes, numa determinada área e num curto espaço de tempo, com a ajuda de biólogos e de outros especialistas.

clareira de uma mata rodeada por árvores e arbustos
Parque Florestal de Monsanto, em Lisboa. Foto: Cristina Luís

No caso deste sábado, o ponto de encontro será o Anfiteatro Keil do Amaral. De acordo com o programa divulgado pela plataforma Biodiversity4All, que organiza esta iniciativa em parceria com a Câmara Municipal de Lisboa, o dia começa pela observação de aves, entre as 9h e as 11h, seguindo-se as plantas até à hora do almoço. Da parte da tarde, vão procurar-se espécies de insectos, répteis, líquenes e, mais para o final, morcegos e borboletas nocturnas, até às 21h30.

As primeiras iniciativas deste género em Monsanto realizaram-se em 2015, 2016 e 2017, no âmbito da Noite Europeia dos Investigadores. Patrícia Tiago, coordenadora da Biodiversity4All, recorda que em Março passado, quando ali se realizou o último bioblitz, foram registadas um total de 133 espécies. Entre essas estiveram a águia-de-asa-redonda (Buteo buteo), o pisco-de-peito-ruivo (Erithacus rubecula) e a estrelinha-real (Regulus ignicapilla), a salamandra-de-pintas-amarelas (Salamandra salamandra), o cardo-dos-picos (Galactites tomentosus) e a serralha (Sonchus oleraceus), a abelha-carpinteira (Xylocopa violacea), a malhadinha (Pararge aegeria), a borbolea-limão (Gonepteryx rhamni) e ainda o morcego-anão (Pipistrellus pipistrellus).

Assim, para este sábado, a meta da equipa é ir um pouco mais longe, “nem que chegássemos às 150”, atira Patrícia. Por outro lado, aponta, nesta altura do ano observam-se várias espécies que dificilmente se vêem na Primavera, como é o caso dos papa-moscas-pretos (Ficedula hypoleuca) e de vários insectos migradores. Entre as espécies que esta bióloga ali gostaria de ver identificadas pela primeira vez, no âmbito deste bioblitz, estão as cobras-cegas (família Typhlopidae), o tritão-marmoreado-pigmeu (Triturus pygmaeus) e os morcegos arborícolas (género Nyctalus).

Tritão-marmoreado-pigmeu. Foto: Francisco Melado Morillo/Wiki Commons

As inscrições para sábado são gratuitas, não têm limites de idade e fazem-se aqui. E se não conseguir participar desta vez, terá pelo menos mais uma oportunidade, já na Primavera, uma vez que está previsto um novo bioblitz para Março do próximo ano.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.