Foto: Tiago Dias

Na Madeira, vão apagar-se 1000 candeeiros de rua pelas aves marinhas

Mega-apagão coordenado pela SPEA está previsto para esta segunda-feira, 30 de Outubro, e convida os madeirenses a juntaram-se à iniciativa.

O mega-apagão vai acontecer entre as 20h00 e as 23h00, considerado a altura mais crítica da noite, horário em que as cagarras juvenis costumam sair dos ninhos, indica a SPEA – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, numa nota de imprensa sobre esta acção. Cada um dos 1000 candeeiros de rua que vão estar apagados no início da próxima semana corresponde a 10 euros de donativos angariados durante a campanha Noite Com Vida, organizada pela ONG portuguesa.

Com o objectivo de “mostrar o impacto da luz artificial excessiva”, a iniciativa conta também com a colaboração dos municípios que são parceiros do projecto LIFE Natura@night. Os responsáveis pelo apagão convidam também os madeirenses a apagar a iluminação exterior das suas casas e edifícios durante o mega-apagão. “Ou, para salvar ainda mais aves, apagando ou reduzindo a iluminação exterior entre 15 de outubro e 15 de novembro”, apela a SPEA. 

Patrulhas da campanha “Salve uma Ave Marinha”, no âmbito do LIFE Natura@night. Foto: Elisa Teixeira/SPEA Madeira

“Com este apagão, por uma noite iremos criar um caminho seguro no céu para que as aves possam voar em direcção ao mar em segurança. Mas mais do que isso, iremos demonstrar como reduzir a iluminação artificial excessiva pode salvar aves”, afirma Elisa Teixeira, da SPEA Madeira.

“Todos os anos na Madeira, Açores e Canárias, a poluição luminosa leva a que centenas de juvenis de aves marinhas fiquem encandeados, caindo por terra e podendo ficar feridos ou mesmo morrer”, explica a ONG. A campanha Noite Com Vida foi lançada no Inverno passado, na tentativa de angariar algum do financiamento necessário para salvar estas aves e reduzir a poluição luminosa. Esta acção acontece no âmbito do projeto LIFE Natura@night, que procura estudar e reduzir os impactos negativos da poluição luminosa na Macaronésia.

“A poluição luminosa afecta não só as aves, mas também inúmeras outras espécies e até a saúde humana”, indica a SPEA, que lembra que “99 por cento dos habitantes da Europa e dos EUA vivem sob céus nocturnos mais brilhantes do que seriam naturalmente”.

Ave marinha que tinha ficado encandeada pelas luzes e foi recolhida. Foto: Cátia Gouveia/SPEA Madeira

“Este mega-apagão é uma forma de tornar visível a poluição luminosa e de alertar para a importância de estudar o seu impacto e de trabalhar com municípios e empresas para implementar uma iluminação pública mais eficiente, mais adequada e mais bem-direccionada”, diz Domingos Leitão, director-executivo da SPEA.

Até 5 de novembro, está a decorrer também a campanha “Salve uma Ave Marinha”, na qual voluntários e técnicos da SPEA percorrem a ilha em busca de aves que precisem de ajuda para chegar ao mar.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.