Águia-pesqueira. Foto: NASA

Ajude a conhecer melhor a águia-pesqueira em Portugal

A quarta edição do Censo Nacional de Águia-Pesqueira já tem data marcada. A Wilder falou com Gonçalo Elias, responsável pelo portal Aves de Portugal, que explica como todos podem participar nas contagens desta ave emblemática.

 

A águia-pesqueira (Pandion haliaetus), tal como o nome indica, alimenta-se de peixe. Por esta altura do ano, quando os países de origem ficam cobertos de neve e gelo – Reino Unido, Suécia, Noruega e Alemanha – algumas vêm para Portugal em busca de alimento.

Quantas são? Ainda ninguém sabe ao certo. E é isso que este censo, agendado para dia 12 de Janeiro, sábado, quer ajudar a descobrir. Em 2017, quando se realizou a última edição, os resultados apontaram “para um total de 155 a 184 águias-pesqueiras a invernar em Portugal”, recorda Gonçalo Elias, um dos organizadores desta iniciativa.

Este ornitólogo lembra que “os números obtidos nos três primeiros censos foram crescentes” – em 2015, 2016 e 2017 – e que isso foi “consequência acima de tudo de um maior esforço de prospecção e de uma melhor organização”. O objectivo para este ano é conseguir “um nível de cobertura [do território português] igual ao do último censo”, pois assim será possível confirmar se a população invernante está estável em Portugal ou se há alguma alteração importante.

 

Foto: CERVAS

 

Nesta 4ª edição, tal como já aconteceu em Janeiro de 2017, a Fundación Migres organiza um censo igual em Espanha, o que dará uma dimensão ibérica a estas contagens. Assim, comparando com os resultados anteriores, vai-se tentar perceber se as variações de águias-pesqueiras em Portugal se repetem no país vizinho.

E desta vez, pode ser que o censo atravesse o Estreito de Gibraltar: é possível que se contem águias-pesqueiras também em Marrocos, pelo menos nalgumas das zonas húmidas mais importantes.

 

Quem pode participar?

“A participação é voluntária e aberta a todos os interessados. O único requisito é que saibam identificar uma águia-pesqueira”, adianta Gonçalo Elias. Isso é possível, por exemplo, através da informação sobre a espécie no portal Aves de Portugal, que inclui várias fotografias desta ave.

 

Águia-pesqueira. Foto: National Biological Information Infrastructure

 

“Os interessados poderão contactar a organização através do e-mail [email protected], indicando em que local ou região estão disponíveis para participar. No caso das zonas húmidas de maior dimensão, haverá um coordenador local e os observadores serão organizados em equipas, de modo a cobrir a totalidade da área e a evitar duplicações nas contagens.”

Para quem está pouco habituado a participar neste tipo de censos, o melhor será juntar-se a outros observadores mais experientes. Por exemplo, as equipas de contagem que se deslocam para as principais zonas húmidas:  Ria de Aveiro, Estuários do Tejo e do Sado, Ria Formosa.

Quanto aos resultados, irão sendo divulgados online ao longo da tarde desse sábado. “Esperamos ter números aproximados no final do dia do censo e números definitivos no final do dia seguinte (domingo 13 de Janeiro)”.

 

Estuário do Sado e Interior Alentejano procuram mais voluntários

Quanto ao número desejado de voluntários – participaram 141 em 2017 – Gonçalo Elias diz que o mais importante é o grau de cobertura do território.

Na terceira edição, houve um bom grau de cobertura, “embora com algumas falhas pontuais em albufeiras do Interior.” Mas dessa vez, tal como nas anteriores, o ornitólogo nota que houve falta de pessoas disponíveis para fazerem contagens no Estuário do Sado, área que “alberga uma importante população de águias-pesqueiras invernantes”.

Mais: “Também o Interior Alentejano, onde existem algumas albufeiras de média e grande dimensão que albergam águias-pesqueiras, tem um grande défice de observadores, e ainda existem várias albufeiras sem observadores, por isso qualquer participação nessa zona será igualmente bem-vinda.”

 

[divider type=”thin”]Saiba mais.

Além da população invernante de águia-pesqueira em Portugal, em anos mais recentes surgiram registos de nidificação desta espécie, alvo de um projecto de reintrodução. Recorde o que aconteceu, tanto em 2015 como em 2016.

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