Borboleta cauda-de-andorinha (Papilio machaon). Foto: Dino/Wiki Commons
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Estes são oito projectos para ajudarmos os cientistas neste Verão

Gostava de colaborar em iniciativas de ciência cidadã que visam conhecer melhor a biodiversidade em Portugal e não sabe como? A Wilder oferece-lhe oito sugestões.

1. Algas na Praia

Foto: CCMAR

O projecto de ciência cidadã Algas na Praia, do Centro de Ciências do Mar (CCMAR) e da Universidade do Algarve (UAlg), quer reunir o maior número possível de observações de grandes acumulações de algas no mar ou nas praias da costa portuguesa, incluindo Açores e Madeira. Isto porque esses acontecimentos podem indiciar “desequilíbrios nos ecossistemas marinhos”, uma vez que o crescimento excessivo de algas pode “prejudicar a biodiversidade, as pescas e a qualidade ambiental da praia”, explica a equipa responsável pelo projecto.

Quem encontrar uma acumulação excessiva de algas, pode enviar a informação através deste formulário.

2. Censos de Borboletas de Portugal

Borboleta bela-dama (Vanessa cardui). Foto: Vera Buhl/Wiki Commons

Lançada em Maio de 2019 no âmbito do Plano Europeu de Monitorização de borboletas, esta iniciativa do Tagis – Centro de Conservação das Borboletas de Portugal pede a voluntários que percorram regularmente um percurso fixo com cerca de um quilómetro, sempre com atenção às borboletas diurnas. 

O objectivo é ajudar a resolver as lacunas de conhecimento sobre essas borboletas em Portugal, numa altura em que há “notícias alarmantes do declínio de insectos um pouco por todo o mundo”, afirma a equipa do projecto.

Descubra cinco novidades recentes graças a estes censos, contadas pela coordenadora do projecto. E saiba como participar através do site do Tagis, onde tem acesso a um Guia das Borboletas Comuns de Portugal Continental, e neste artigo da Wilder.

3. CetaSee

golfinho comum
Golfinho-comum (Delphinus delphis). Foto: NOAA NMFS

Este projecto de ciência cidadã nasceu de uma parceria entre o MARE-Centro de Ciências do Mar e do Ambiente/ISPA e o cE3c-Centro de Ecologia, Alterações e Evoluções Ambientais, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. O objectivo é “promover o registo de avistamentos de golfinhos e baleias” e também “contribuir para o conhecimento da biodiversidade de cetáceos em Portugal”, explica a página do CETASEE, na plataforma BioDiversity4All.

Lançado em 2020, até hoje já foram alcançadas mais de 3700 observações por toda a costa portuguesa, incluindo Açores e Madeira. Em causa estão 25 espécies diferentes de cetáceos, com destaque para o golfinho-comum (Delphinus delphis), com 774 registos, o golfinho-roaz (Tursiops truncatus), observado 638 vezes, e também o golfinho-pintado-do-atlântico (Stenella frontalis), com 572 observações.

Gostava de participar? Comece por procurar estas sete espécies, com a ajuda da investigadora Catarina Eira.

4. Cigarras de Portugal

Cigarra-comum (Cicada orni). Foto: Marcello Consolo/Wiki Commons

O projecto Cigarras de Portugal pede aos portugueses que gravem o som ou façam vídeos quando ouvirem o canto de uma cigarra e partilhem o resultado com esta equipa de investigadores. O objectivo é saberem qual a situação das 13 espécies de cigarras conhecidas em Portugal. Basta gravar o som de uma cigarra e registar qual é a sua localização GPS, recorrendo de preferência à plataforma Biodiversity4All.

Esta campanha de ciência cidadã começou em 2019. Saiba mais aqui, neste artigo publicado pela Wilder.

5. GelAVista – Programa de Monitorização de Organismos Gelatinosos

Caravela-portuguesa. Foto: Rhalah

Iniciativa do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), o GelAVista foi lançado em 2016, com o objectivo de se obter mais conhecimento sobre as medusas e outros organismos gelatinosos que habitam em águas portuguesas, com a ajuda de todos os cidadãos.

Assim, se encontrar um ou mais “gelatinosos” ao passear pela praia ou de barco, pode fotografá-los e enviar a imagem para o email do projecto ([email protected]), juntamente com a data, hora e local e o número de organismos avistados, que eles respondem com o nome da espécie. Já estão também disponíveis apps para ‘smartphones’.

Para saber mais, visite o site do GelAVista, tal como a página no Facebook.

6. Grande Caça aos Ovos de tubarões e de raias

Ovo de raia. Foto: Tylwyth Eldar/Wiki Commons

A ‘app’ Grande Caça aos Ovos (“The Great Eggcase Hunt”, na versão original), foi trazida para Portugal pelo projecto Shark Attract e pela Associação para o Estudo e Conservação dos Elasmobrânquios (APECE).

A ideia é procurar ovos de raia e de tubarão, quando estiver na praia, e enviar o registo para uma base de dados internacional através desta ‘app’, que ajuda a identificar qual a espécie a que o ovo pertence e como devemos fazer para o reidratar, entre outras informações. Além de ajudar os cientistas a saberem mais, quem participa fica também sensibilizado para a conservação destes seres marinhos.

Descubra mais sobre a Grande Caça aos Ovos neste artigo da Wilder e visite também o site do projecto internacional (em inglês), da Shark Trust.

7. Florestas marinhas

Conjunto de gorgónias da espécie Leptogorgia sarmentosa, na zona da Arrábida. Foto: Emanuel Gonçalves

O projecto Marine Forests (ou “florestas marinhas”, em português), coordenado pelo CCMAR-Centro de Ciências Marinhas, da Universidade do Algarve, quer descobrir onde estão as florestas marinhas em Portugal e por todo o mundo. Em causa estão diferentes povoações compostas por plantas marinhas, ou por macro-algas, ou ainda por “florestas de animais”, como é o caso de um grupo de corais chamados de gorgónias.

Em geral, estas florestas incluem espécies marinhas fáceis de observar na maré baixa, ou por quem gosta de usar máscara de mergulho ou de fazer ‘snorkling’ (mergulho com máscara e tubo de respiração).

Se quiser participar, visite o site marineforests.com (em inglês), registe-se, tire fotografias aos organismos de florestas marinhas que observar e envie para a equipa, juntamente com o local e data da observação. E se não conseguir identificar a espécie não se preocupe, que eles fazem isso por si.

8. VACALOURA.pt

Vaca-loura. Foto: Andrew Butko/Wiki Commons

O objetivo deste projecto de ciência cidadã, lançado em 2016, é compilar e organizar informação enviada pelos cidadãos sobre a distribuição e estado das populações da vaca-loura (Lucanus cervus), a maior espécie de escaravelho da Europa, e dos restantes membros da família Lucanidae em Portugal.

A vaca-loura é mais fácil de observar em Junho e Julho, no auge da época de reprodução, mas as fêmeas podem geralmente ser avistadas até Setembro. Em Portugal, este escaravelho vive apenas no Norte e Centro do país e também na zona de Sintra. As observações são registadas na plataforma BioDiversity4All, que até hoje contabiliza quase 2000 registos desta espécie. Também no âmbito do projecto, o segundo mais visto é o escaravelho vaquinha (Dorcus parallelipipedus), seguido pelo escaravelho-rinoceronte-europeu (Oryctes nasicornis).

O VACALOURA.pt foi lançado pela associação Bioliving, em parceria com a Universidade de Aveiro, a Sociedade Portuguesa de Entomologia e o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas.


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Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.